Escrito por: Redação CUT
Paralisação patronal é contra reajustes abusivos de preços do diesel, gás de cozinha e gasolina. No dia 1º de novembro, caminhoneiros devem fazer greve contra os reajustes e outras reivindicções da categoria
Empresários do setor de transportes estão parando as atividades em cerca de 300 companhias do setor desde a meia noite desta quinta-feira (21) contra as altas nos preços dos combustíveis. Eles reivindicam a redução dos preços do diesel, gás de cozinha, gasolina e outros derivados do petróleo.
O locaute, paralisação do trabalho ordenada pelo próprio empregador, acontece dias antes da greve dos caminhoneiros que prometem paralisar as atividades a partir do dia 1º de novembro.
A pauta de reivindicações dos trabalhadores, além da redução da revisão da política de preços dos combustíveis da Petrobras, exige um valor mínimo de frete e a melhoria e construção de novos pontos de descanso para a categoria, entre outros pontos.
Caminhoneiros de várias regiões do país estão enviando vídeos para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) manifestando adesão à paralisação. Confira aqui.
Onde tem locaute
Em Minas Gerais, um dos seis estados onde os empresários afirmaram que iam paralisar as entregas de combustiveis, transportadores pararam na madrugada desta quinta. A expectativa é que a paralisação dure 24 horas.
Dois caixões e faixas foram colocados em frente à distribuidora da petroleira em Betim, na região metropolitana. Os manifestantes também fazem atos na porta das principais centrais de distribuição.
Os empresários, que também protestam contra a alta nos preços dos combustiveis, dizem que as atividades de entrega também estão ocorrendo nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Goiás e parte da Bahia.
No Rio de Janeiro, onde 1.500 caminhões tanques devem parar, os trabalhadores prometeram fazer protestos na base de combustíveis de Campos Elíseos, próxima à Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), segundo o Poder360. Nesta quinta, eles bloquearam o acesso de outros caminhões a bases de abastecimento de combustível na região de Campos Elíseos, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb).
Em São Paulo, manifestações de trabalhadores devem ocorrer nas proximidades da Refinaria de Paulínea (Replan) e no Porto de Santos.
Ao Poder 360, Ailton Gomes, presidente da Associação das Transportadoras de Combustíveis e Derivados do Petróleo do Rio de Janeiro (Associtanque), disse que os caminhões tanques ficarão estacionados nas garagens das empresas.
“Essa paralisação vai ser o estopim dos protestos contra os reajustes dos preços dos combustíveis. Ninguém suporta mais”, disse Gomes.
“As empresas estão com acumulando prejuízos e falindo, e os preços dos alimentos continuam aumentando por causa do encarecimento do transporte”, completou.
Os empresários querem redução no ICMS e do PIS/Cofins sobre os combustíveis. Projeto de lei complementar que limita as alíquotas do tributo estadual foi aprovado pela Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado. O tributo federal sobre esses produtos continua intocado. “Os governos federal e estadual jogam um para o outro a responsabilidade pelos preços altos. Quero saber quem vai resolver o problema”, disse Gomes. “Toda a Nação está clamando por isso.”
Culpa dos aumentos não é do ICMS
Assim como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que trabalhou para aprovar apressadamente uma lei que muda a cobrança do Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMS) dos combustíveis, os empresários atiram no alvo errado, aderindo aos discursos do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) contra os governadores.
O ICMS não é o culpado pelos aumentos abusivos nos preços dos combustíveis. A culpa pelos reajustes é da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras, atrelada ao valor internacional do petróleo e a variação do dólar. Há meses, Bolsonaro vem culpando os governadores, mas o ICMS não é reajustado há anos.
Os culpados são ele e o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP). Temer porque adotou a PPI e Bolsonaro porque manteve a política de preços adotada depois do golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff.
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