Escrito por: Redação CUT
Miguel Nicolelis faz parte do Comitê de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste e diz que país está cometendo os mesmos erros da primeira onda e faltou um plano nacional para conter doença
“Ou o país entra em lockdown imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021”. A afirmação é do neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis, , professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, internacionalmente reconhecido por suas pesquisas sobre a interface entre cérebros e máquinas.
Em entrevista a BBC News nesta sexta-feira (8). Nicolelis, que é também membro do Comitê de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, afirma que o bloqueio total, ajudaria a salvar vidas e a economia do Brasil.
Na entrevista, o neurocientista aponta a sequência de erros que colocam o Brasil em segundo lugar no ranking de mortes por Covid-19 no mundo.
“É evidente que sou sensível a todo o debate sobre a questão econômica. Mas essa dicotomia é falsa. Se o número de mortes começar a disparar, o sistema de saúde colapsa e nós não temos condições de manejar a pandemia da maneira correta. O que vai então acontecer com a economia? Ela também vai colapsar”, afirmou.
Nicolelis diz estar extremamente preocupado com o momento atual, de segunda onda de casos ou repique da primeira, agravada por campanhas eleitoras, aberturas pelo país e festas de fim de ano.
"Estamos num momento que era propício e imediato para ter uma intervenção nacional pela primeira vez. Para parar, para ter uma queda dramática e rápida de novos casos até que a campanha de vacinação começasse. Eu estou vendo esse momento com extremo pessimismo, porque a gravidade é óbvia", ressalta.
O neurocientista também faz questão de frisar a importância de ter um comando central. Uma mensagem única, disseminada para o país inteiro, com transparência, com bons dados, com boas práticas, mas ele afirma que o país está cometendo os mesmos erros da primeira onda.
“Foi uma sequência trágica de erros. Primeiro, minimizar a gravidade da pandemia. Não se preparar antes dela chegar ao Brasil. Nós tivemos quase três meses para nos prepararmos em termos de material de proteção, máscaras, enfim, organizar o país antes do tsunami. O segundo erro foi negar o tsunami. Terceiro, não criar um comando verdadeiramente nacional, centralizado, um estado maior de combate à pandemia que tivesse uma missão clara”, disse.
Com informações da BBC News Brasil.