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“Lugar do Exército é nos quartéis e não nas escolas”

O projeto “Exército nas Escolas” prevê atividades das Forças Armadas para estudante

Publicado: 20 Julho, 2017 - 18h49

Escrito por: CUT RS

CUT RS
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“O papel do Exército não é ir para dentro das escolas”, reagiu indignado o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, ao criticar duramente o termo de cooperação assinado entre o governo Sartori (PMDB) e o Comando Militar do Sul para a elaboração de um projeto pedagógico a ser implementado no segundo semestre deste ano.O projeto “Exército nas Escolas” prevê atividades das Forças Armadas para estudantes de ensino médio. A iniciativa lembra os tempos sombrios da ditadura militar (1964-1985), quando havia a disciplina “Educação, Moral e Cívica” e os feitos dos generais eram exaltados nas salas de aula.

Segundo nota publicada na página da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), o acordo referente ao projeto tem como propósito “contribuir para o fortalecimento de valores fundamentais para a formação da cidadania e o desenvolvimento dos alunos da rede pública estadual”.

“O lugar do Exército é nos quartéis, é cuidar melhor das fronteiras do Brasil. Não é função dos militares ensinar princípios e valores para os nossos jovens nas escolas. O que necessitamos é de concursos públicos para termos mais professores e precisamos de valorização e qualificação para os educadores”, ressaltou Claudir.

 

CPERS quer audiência com secretário da Educação

A presidenta o CPERS/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, disse que ficou “estupefata” ao tomar conhecimento desse acordo do governo Sartori com o Exército. “Estamos muito preocupados, quando vemos o Estado buscar militares e não professores para ensinar os alunos”, afirmou.

Para Helenir, “tal projeto é um retrocesso e demonstra a irresponsabilidade do governo Sartori com a educação pública”.

Ela informou que o CPERS já pediu uma audiência com o secretário da Educação (Seduc), Ronald Krummenauer, para debater a questão.

Projeto resgata ditadura militar

Segundo a Seduc, a ideia é que o projeto comece de forma experimental a partir do segundo semestre em pelo menos cinco escolas da 1° Coordenadoria Regional de Educação (CRE), de Porto Alegre.

Na última quarta-feira (12), representantes do Departamento Pedagógico da Seduc e do Comando Militar se reuniram para debater os detalhes do programa. Entre as estratégias está a realização de palestras, prática de esportes, visitação às bases militares e aulas de civismo e formação de cidadania.

“Pretendemos alinhar o projeto nos próximos meses e, a partir de novembro, já poderemos iniciar as visitações às escolas. Faremos, em um primeiro momento, na região da 1°CRE e, em 2018, ampliaremos para as demais regiões do Estado”, explicou o assessor pedagógico do Ensino Médio da Seduc, Vitor Powaczruk.

O analista do Núcleo de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul, coronel Ary de Albuquerque Gusmão Filho, destacou a importância social das Forças Armadas dentro de uma estratégia de Defesa. “A nossa meta é proporcionar aos alunos um pouco dos valores de paz e civismo, dentro de um aprendizado de direitos e deveres de cidadania”, disse.

 

Resistência aos ataques de Sartori não pode parar

O presidente da CUT-RS avaliou que esse projeto significa também mais uma jogada do governo Sartori para desviar as atenções dos educadores e da sociedade e enfraquecer a resistência do CPERS às PECs do pacotaço que ainda não votadas na Assembleia Legislativa.

“Temos que continuar unidos e mobilizados no segundo semestre para barrar as propostas do governo Sartori, que retiram direitos dos servidores e precarizam os serviços públicos. Precisamos seguir combatendo o parcelamento e o arrocho salarial que massacram o poder de compra dos servidores e atentam contra a dignidade da pessoa humana”, enfatizou Claudir.

 

Fonte: CUT-RS com Rede Brasil Atual (RBA)