Na coletiva concedida nesta quarta-feira (10), o ex-presidente Lula criticou duramente as privatizações no Sistema Petrobrás e a política de preços dos combustíveis e sinalizou que pode reverter o ciclo de desmonte dos últimos cinco anos na petroleira.
“Quem tiver comprando coisas da Petrobras tá correndo risco porque a gente pode mudar muita coisa”, alertou o ex-presidente, condenando a privatização da BR Distribuidora e de vários outros ativos da empresa que foram vendidos a preço de banana pelos governos do golpista Michel Temer (MDB-SP) e de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
"Não é possível permitir que o preço do combustível brasileiro tenha que seguir o preço internacional se nós não somos importadores de petróleo. O Brasil é exportador. Nós produzimos a matéria prima aqui, nós tiramos do fundo do mar, nós conseguimos refinar aqui derivados de qualidade", afirmou o ex-presidente.
Na segunda-feira (8), a Petrobras anunciou o sexto reajuste da gasolina e o quinto do diesel em 2021. Foi o segundo reajuste só no mês de março. O último reajuste dos combustíveis nas refinarias foi em 02 de março.
“Risco” Lula
O ex-presidente também falou sobre o chamado “risco Lula” propagado pela mídia corporativa ao condenar uma possível candidatura do petista em 2022.
“Se o mercado quer ganhar dinheiro investindo em coisas produtivas, se o mercado quer ganhar vendo o povo ser consumidor, ele tem que gostar de mim.… Agora, se o mercado quer ver a entrega da soberania nacional, não votem em mim. Nós não vamos privatizar”, afirmou.
“Não tenham medo de mim. Eu sou radical porque quero ir à raiz dos problemas neste país. Porque quero ajudar a construir um mundo justo, mais humano, em que trabalhar e pedir aumento de salário não seja crime", disse Lula, no primeiro pronunciamento após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, ter anulado as condenações que lhe foram impostas no âmbito da Lava Jato.
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A entrevista coletiva foi concedida na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo (SP), onde o ex-presidente viveu vários momentos emblemáticos de sua vida. Foi lá que ele começou sua trajetória sindical e política e foi lá também que saiu e voltou nos braços dos trabalhadores, após ter sido injustamente preso em abril de 2018 e libertado 580 dias depois.
Veja a íntegra da entrevista coletiva: