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Lula atribui alta do dólar a 'interesse especulativo' e mantém crítica ao BC

Lula ainda disse que o Banco Central não pode “estar a serviço do mercado financeiro . A declaração foi feita em entrevista à Rádio Sociedade, na manhã desta terça-feira (2)

Publicado: 02 Julho, 2024 - 17h04 | Última modificação: 02 Julho, 2024 - 17h11

Escrito por: Redação BdF | Editado por: Nathallia Fonseca, BdF

Ricardo Stuckert - PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu o aumento do dólar a um “interesse especulativo contra o real”, na manhã desta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. Ontem, o dólar encerrou o dia em R$ 5,653, maior valor desde 10 de janeiro de 2022 quando chegou em R$ 5,672. 

"Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Não é normal o que está acontecendo", disse o presidente. "Temos que fazer alguma coisa."

De acordo com Lula, "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" nas declarações do presidente da República. O petista se referiu às criticas recentemente feitas por ele sobre a atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e a condução da política monetária em manter a taxa Selic (taxa básica de juros) em 10,5% ao ano

Na mesma entrevista, inclusive, o presidente reforçou seu posicionamento. "O que não dá é você ter alguém dirigindo o BC com viés político. Definitivamente, eu acho que ele [Roberto Campos Neto] tem um viés político, mas eu não posso fazer nada, porque é o presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado. Eu tenho que esperar terminar o mandato e indicar alguém", disse.  

Lula ainda disse que o BC é um banco do "Estado brasileiro" e por isso a instituição não pode "estar a serviço do mercado financeiro", mas da população. "A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (...) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado", pontuou. 

"É preciso cuidar dos gastos públicos. E ninguém nunca cuidou mais dos gastos públicos do que eu. O que eu não posso é aceitar a ideia de que é preciso acabar com benefício de pobre", completou. 

Na noite desta segunda-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo deve comunicar melhor os resultados econômicos do país no governo Lula e atribuiu a alta do dólar a "ruídos".

"Nós reconhecemos a necessidade de encerrar as pressões dos gastos públicos. Desde que, como sempre lembra o presidente, cuidemos dos mais vulneráveis", disse o ministro. "Reconhecemos os desafios internos e externos. Temos que calibrar nossa comunicação, emitir os sinais corretos para toda a sociedade brasileira, de sustentabilidade social, fiscal e ambiental".

"Isso tem que ser o lema desse governo. Nós temos que demonstrar na prática que estamos comprometidos com essas metas", declarou Haddad à imprensa.