Escrito por: RBA
Governo publica medida provisória que destinará recursos para incentivar jovens a permanecer na escola em vez de deixar os estudos para entrar no mercado de trabalho. Cada estudante terá uma conta em seu nome
O governo publicou nesta terça-feira (28), em edição extra do Diário Oficial da União, medida provisória (MP) que cria uma poupança destinada a incentivar a permanência de jovens de baixa renda no ensino médio, em especial os estudantes que pertencem a famílias inscritas no Cadastro Único para programas sociais. A iniciativa havia sido antecipada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa semanal Conversa com o Presidente do último dia 14. “Nós vamos criar as condições. Vamos dar incentivo para que o jovem saiba que estamos pensando no futuro dele e da família dele”, afirmou Lula na ocasião.
O objetivo da MP 1.198 é enfrentar um dos maiores desafios atuais da educação: a permanência de jovens de baixa renda no ensino médio. A redução da evasão escolar e o incentivo à conclusão do ensino médio são considerados fatores centrais para garantir o acesso dos jovens a melhores condições de formação profissional e emprego.
“Nós perdemos hoje milhares de jovens no ensino médio que abandonam a escola, às vezes por necessidade de trabalhar desde cedo. Essa bolsa, uma parte o aluno vai receber todo mês e uma outra fica como poupança para o fim de cada etapa letiva”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana. Segundo ele, o primeiro ano do ensino médio é o que tem maior registro de evasão, abandono e reprovação. “Se a gente somar tudo, chega a 16%”, acrescentou.
Um ato conjunto dos ministros da Educação e da Fazenda vai definir valores da poupança para estudantes, formas de pagamento, critérios de operacionalização e uso da iniciativa de incentivo à permanência e conclusão escolar.
Os valores serão depositados em conta a ser aberta em nome do estudante. O tipo de conta a ser aberta poderá ser a poupança social digital.
Para a operacionalização, o programa prevê a criação de um fundo, administrado pela Caixa, que poderá contar com recursos públicos e privados. A MP também prevê a articulação com estados, municípios e o Distrito Federal, com a intenção de potencializar esforços para redução da evasão escolar dos jovens atendidos.
Para ter acesso à poupança, o aluno precisará ter frequência mínima, garantir a aprovação ao fim do ano letivo e fazer a matrícula no ano seguinte (quando for o caso). A regra também exige participação em exames como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A poupança não será considerada no cálculo da renda familiar para a concessão ou recebimento de outros benefícios.
O programa poderá contar com receitas federais da exploração de óleo e gás. A medida reforça a legislação atual, que prevê que recursos do pré-sal sejam prioritariamente destinados à educação pública e à redução das desigualdades. A União ficará autorizada a aportar até R$ 20 bilhões no fundo que implementará a poupança ao longo da execução do programa.