Escrito por: Andre Accarini
Atividades estão marcadas para os dias 26 e 27 de outubro no Brasil e em cidades no exterior. Militância dialogará com a sociedade sobre o caráter político e golpista da prisão de Lula
“O ex-presidente Lula é e sempre foi um ‘cara’ que gosta de conversar com o povo”. Esse foi o conceito principal adotado para a realização do “Lula Day”, no próximo dia 27, data em que ele comemora 74 anos de vida.
Tanto o Comitê Lula Livre, em Curitiba, cidade onde o ex-presidente é mantido preso político desde abril de 2018, quanto o Comitê Lula Livre Internacional, que conta com o apoio de coletivos de brasileiros em outros países, estão organizando para o próximo fim de semana atividades em várias cidades do Brasil e do exterior.
O intuito é realizar atos para dialogar com a população sobre a prisão injusta, resultado da condenação sem provas em um processo, de acordo com inúmeros juristas, recheado de inconsistências e ilegalidades.
Uma das organizadoras das atividades no Brasil, Rosane Silva, membro do Comitê Lula Livre, explica que o objetivo será mostrar ao mundo o caráter político da prisão e Lula. “Tanto no Brasil, como no mundo, os trabalhadores e trabalhadoras têm que compreender o que significa essa prisão. Não tem a ver com corrupção, com Lava Jato, mas sim com a intenção de perseguir o maior líder popular que o país já teve”, diz.
No Brasil, nos dias 26 e 27, será realizado o Mutirão Especial Lula Livre. A militância dialogará com a população sobre a defesa da liberdade de Lula, alertando sobre a realidade brasileira, de ataques a direitos, entrega do patrimônio nacional, desmonte de políticas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, criado por Lula, e reformas que penalizam trabalhadores, em especial os mais pobres, como a reforma da Previdência.
“Serão dois dias para conversarmos com o povo sobre os reais motivos que levaram à prisão de Lula, uma prisão política, orquestrada pelo golpe para tirá-lo da disputa eleitoral de 2018”, diz Rosane.
Ela reforça que os golpistas sabiam que se Lula concorresse, seria eleito e “se estivesse solto, o país estaria avançando em direitos para o povo e não teríamos todo o retrocesso que vivemos hoje. Os golpistas sabem disso e por isso prenderam Lula”.
Ela diz ainda que ideia é realizar atos, no mínimo, em 74 cidades, em alusão ao aniversário do ex-presidente, transformando as atividades em momentos festivos: “Faremos bolo de aniversário em homenagem a Lula e levaremos aos locais públicos, de grande circulação para interagir com o povo”.
Não temos dúvida de que só com sua liberdade conquistaremos direitos, dignidade e soberania. Seremos a voz e as pernas de Lula- Rosane SilvaLá fora, a data foi batizada de “Lula Day” em alusão ao “Mandela Day”, e já conta com atos em cidades como Nova York, Madrid, Roma, Bologna e Ravena, Lisboa, Bruxelas, Paris e Londres.
Também organizadora das atividades internacionais, a ativista Gabriela Lima, que mora atualmente na Itália, disse ao blog GGN que a ideia de criar o Lula Day nasceu pelo reconhecimento da inocência do ex-presidente “do legado dele por pensar e agir com honestidade e amor pela população carente”.
Companheira de militância e na organização do “Lula Day”, Giuditta Ribeiro reforça que “Lula não pode ser esquecido, tem que ficar na memória por tudo o que ele fez pelo nosso Brasil”.
Para ela, o dia “deve ser um memorial, um legado, que nós todos devemos levar avante para aqueles que estão por vir conhecerem sua história”.
O texto inicial de apresentação do projeto “Lula Day”, material que pode ser baixado para impressão, traz o sentimento de luta pela liberdade do ex-presidente, que representa, na verdade, a batalha que cada brasileiro que defende a democracia trava todos os dias contra os ataques e retrocessos impostos desde o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff.
Lula é livre em cada um de nós, Lula é história e, Lula Day, é um ato de memória- Manifesto 'Lula Day"O material gráfico foi criado pelo cartunista Fernando Cavall e já está circulando nas páginas de divulgação do Lula Day, tanto nas redes sociais como nos sites oficiais do ex-presidente. Os organizadores pretendem fazer com a data se repita todos os anos.
No dia 27, em Curitiba, será realizado um ato nacional, que começará logo após o tradicional “Bom Dia Presidente Lula”. A programação contará com apresentações artísticas e a participação de personalidades do meio acadêmico, jurídico e político do Brasil.
O Comitê Lula Livre publicou no Facebook a página do Mutirão Especial Lula Livre no Brasil e deve divulgar até a manhã desta quarta-feira a página do Lula Day, com todas as informações e locais onde estão sendo organizadas as atividades, bem como os materiais gráficos preparados para a campanha.
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu no dia 27 de outubro de 1945, em Caetés, que até 1964 era distrito de Garanhuns, no interior de Pernambuco. Sétimo filho de Aristides e Eurídice (a Dona Lindú), veio com a mãe e os irmãos para o litoral paulista em 1952, quando foi, de fato “registrado”, mas por um equívoco no cartório, sua data de nascimento acabou sendo diferente no registro: 6 de outubro.
Em entrevista à TVT, José Ferreira de Melo, o Frei Chico, irmão mais velho de Lula contou que, na época, dadas as dificuldades de locomoção, as crianças eram registradas apenas de tempos em tempos. Enquanto isso usavam o que se chamava de batistério, documento que comprova a execução do sacramento do batismo católico, onde constava data de nascimento e local.
Foi com este documento que as crianças da família Silva viajaram de Pernambuco para Vicente de Carvalho, distrito do Guarujá. A viagem de pau-de-arara durou 13 dias. E foi no estado de São Paulo que os documentos oficiais foram providenciados.
Dina Lindú decidiu manter a tradição, parabenizando o filho todos os anos no dia 27 de outubro.
Instituto Lula
O “Mandela Day”, usado como inspiração para os movimentos que defendem o ex-presidente Lula, é comemorado todo 18 de julho, dia de nascimento do ex-mandatário da África da Sul. Ele ficou conhecido pela luta contra o Apartheid, regime de segregação entre brancos e negros em seu país. A data comemorativa foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro de 2009, reconhecendo a contribuição de Mandela “para a cultura, paz e liberdade” e “dedicação ao serviço da humanidade através de seu trabalho nas áreas de resolução de conflitos relações inter-raciais”. (fonte: GGN)