Lula é o primeiro preso político desde a redemocratização, diz Jacques Wagner
A prisão política de Lula e o impeachment de Dilma fazem parte da estratégia de impedir o avanço de um governo com políticas sociais e econômicas que beneficiam os mais pobres, disse Haddad no ato em Curitiba
Publicado: 11 Abril, 2018 - 21h36 | Última modificação: 11 Abril, 2018 - 22h30
Escrito por: Tatiana Melim
Em ato político realizado na noite desta quarta-feira (11), em Curitiba, o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, e o ex-ministro da educação do governo Lula, Fernando Haddad, destacaram o avanço do golpe no Brasil e as diferenças entre o golpe militar de 1964 e o golpe midiático-jurídico-parlamentar de 2016.
Ao contrário do golpe de 1964, quando os militares assumiram o poder pela força e rasgaram a Constituição Federal, o atual movimento golpista que se estabeleceu desde a cassação do mandato de Dilma Rousseff, uma presidenta eleita legitimamente por 54 milhões de votos, é mais cínico e hipócrita, disseram.
“Fazem o teatro da artificialidade jurídica para parecer que a normalidade democrática existe”, criticou Jacques Wagner.
Para ele, a perseguição ao Lula, um nordestino de 72 anos, nada mais é do que a perseguição de uma elite mesquinha e escravocrata que tenta transformar um inocente, um lutador, em um criminoso.
“O único crime do Lula foi acreditar no povo brasileiro”, disse Jaques Wagner, ressaltando que engana-se quem pensa que o povo vai deixar o ex-presidente sozinho, como preso político na sede da PF de Curitiba: “o movimento Lula Livre irá se ampliar a cada dia, pois fica cada vez mais comprovado que Lula é inocente”.
Já Fernando Haddad lembrou que até hoje, desde 1985, quando o Brasil restabeleceu a democracia, “não tínhamos um caso parecido com esse no país”. Segundo ele, é preciso “ter a clareza dos riscos que nós estamos correndo” desde o impeachment de Dilma.
“Estão solapando as bases da democracia sem que as pessoas se deem conta, estão usurpando os espaços de poder. Se Dilma tivesse mesmo cometido um crime, como ela poderia ser candidata a senadora por Minas Gerais?”, questionou Haddad.
Para o ex-ministro, as pedaladas fiscais foram a desculpa que os que perderam a eleição encontraram para usurpar o mandato de Dilma e implementar no país as políticas que interessam às elites econômicas e ao mercado, que não souberam conviver com os avanços sociais e trabalhistas proporcionados pelos governos de Lula e Dilma.
“Desde a reeleição da Dilma nós não temos paz nesse país, pois eles não aceitaram o resultado democrático das urnas. E nós não estamos mais dispostos a ver essa violência sem fazer nada”, disse Haddad.
A prisão política de Lula é o que eles pensaram ser o ato final do golpe. “Eles só não contavam que o Lula não viria sozinho, que milhares de amigos, gratos por tudo que ele fez, estariam juntos dele”.
Não temos plano B, é Lula presidente
O ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, repetiu o que Haddad havia falado em uma coletiva à imprensa antes do ato: o PT só aposta na candidatura do presidente Lula e no dia 15 de agosto vai registrá-lá.
“Não temos plano a, b, x, y ou z. O plano é L de Lula livre, Lula presidente”, destacou.
Segundo Haddad, não há outra discussão no partido. “Isso aqui não é uma visita protocolar, é uma reafirmação de que a decisão da executiva do PT está tomada”.
Lideranças CUTistas em Curitiba
A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, a presidenta da CUT-SC, Ana Júlia, a presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, e o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, estiveram presentes no ato político desta noite em Curitiba.
Beatriz Cerqueira falou sobre as caravanas que saíram de Minas Gerais rumo a Curitiba desde o final de semana e disse que os mineiros não arredarão pé do acampamento até que Lula esteja livre.
“Companheiro é aquele que partilha o pão e a luta, é isso que nos diferencia dos fascistas que nos atacam. Por isso, trago aqui o compromisso de permanecermos em luta, em vigília permanente”.
“Lula é a esperança concreta de rompermos com o Estado de Exceção”, completou a presidenta da CUT-MG.
Paulo Cayres falou sobre a ousadia e a demonstração de resistência que o povo tem demonstrado desde que foi anunciada a prisão política de Lula.
“O que fizemos em São Bernardo foi luta, resistência, e o que vocês estão fazendo aqui apenas referenda o poder e capacidade de luta da classe trabalhadora deste país”
A presidenta da CUT-SC, Ana Júlia, pediu a toda militância presente que mais do que falar Lula livre, é fundamental destacar para a toda população brasileira que Lula é inocente.
”Temos de dizer, no dia a dia, nos bairros, nas casas, no local de trabalho que Lula é inocente e será o nosso presidente”.
Campanha de arrecadação
A campanha unificada de arrecadação em parceria com as Frentes Nacionais, os movimentos sociais, artistas, intelectuais e mandatos parlamentares foi ressaltada por todos durante o ato político.
O secretário Nacional de Finanças e Planejamento do PT, Emidio de Souza, explicou que o site de arrecadação já está no ar e conclamou todos e todas que acreditam na democracia e na inocência do ex-presidente Lula a ajudar. Acesse aqui o site e colabore.