Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT
Em visita ao Acampamento Lula Livre, em Curitiba, o deputado federal pelo PT avisa: "vamos pegar o Lula novamente pelos braços ao sair daqui". Manhã também foi marcada por atos do dia nacional em defesa de Lula
Desde o último fim de semana a capital paranaense sofreu uma queda brusca nos termômetros e, mesmo debaixo de chuva fina e temperaturas baixas, militantes e visitantes seguem fazendo do Bairro Cândida, onde está instalado o Acampamento Lula Livre, em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, um forte palco de resistência. A manhã desta fria terça-feira (17) de lutas foi marcada pela visita do deputado federal Vicentinho (PT-SP) no Acampamento Lula Livre.
Recém-chegado de São Bernardo do Campo para passar o dia com os militantes e visitantes da vigília, Vicentinho disse que é inaceitável o que o Poder Judiciário brasileiro está fazendo com Lula.
“Lula é preso político do golpe que massacrou os pobres”, criticou o deputado federal e ex-presidente da CUT na década de 1990.
“Nós vamos pegar o Lula pelos braços ao sair daqui [da sede da PF em Curitiba] e colocar ele lá dentro do Palácio do Planalto como presidente da República”, enfatizou.
Ao lembrar as consequências políticas e sociais vividas pelos brasileiros, em especial os mais pobres, desde que o ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) assumiu o governo por meio de um golpe, o parlamentar alertou a importância de eleger nas próximas eleições representantes comprometidos de fato com os interesses e as demandas da classe trabalhadora.
Para Vicentinho, escolher deputados e senadores que realmente sejam do povo representa uma mudança estratégica fundamental para ajudar Lula a colocar, novamente, o país nos rumos do desenvolvimento econômico e social, além de revogar leis criadas nos últimos dois anos que retiram direitos, como a nova legislação trabalhista que fere princípios constitucionais, e a Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos investimentos públicos em saúde e educação.
“Lá em Brasília temos 188 fazendeiros que são deputados federais e apenas três trabalhadores rurais. Temos cinco operários do Brasil inteiro e mais de 200 empresários na Câmara dos Deputados. Se as mulheres representam mais de 50% da população, lá são apenas 11%, sendo que, dessas, tem mulher de governador, filha de fazendeiro, ou seja, uma boa parte que não vota com a classe trabalhadora”, disse.
“Nós, povo negro, somos mais da metade dos brasileiros, mas no Congresso Nacional somos apenas 4,5% e, desses, alguns são fundamentalistas, reacionários de direita que nada tem a ver como nossas necessidades de classe”, completou.
Antes do início do ato político que contou com a presença do parlamentar, o “bom dia, presidente Lula!” foi marcado pela força e disposição dos movimentos populares, mobilizados pelo Dia Nacional de Lutas contra a manipulação midiática da rede Globo e pela liberdade imediata de Lula.
O dia 17 de abril foi a data escolhida por marcar os dois anos do golpe de Estado de 2016, quando a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita pelo povo e que não cometeu nenhum crime, foi deposta pela elite política do país. Neste 17 de abril, os movimentos populares, em especial os trabalhadores e trabalhadoras sem-teto do MST, também denunciaram, com atos em diversas capitais do país, os 22 anos de impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 sem-terra foram assassinados no estado Pará, em 1996.
Em defesa da Reforma Agrária
Uma grande aula pública para falar sobre a perda de direitos e criminalização aos movimentos sociais, especialmente do campo, foi montada após o ato político. Professores e alunos da Universidade Federal do Paraná falaram do avanço autoritário contra os movimento sociais desde o início do golpe em 2016.
Eles denunciaram as injustiças cometidas pelo governo golpista e ilegítimo que tomou o Poder Executivo de assalto e alertaram que a criminalização de lideranças do campo trouxe um dos períodos mais sangrentos da história do país.
Segundo números da Comissão Pastoral da Terra (CPT), no ano de 2016, somente no campo, foram 61 assassinatos; cerca de 65, em 2017, e 12 em 2018. Se contabilizadas as mortes nos centros urbanos, esses números crescem ainda mais. Entre os mortos estão lideranças indígenas, quilombolas, comunitárias, sindicais e de trabalhadores rurais.
Caravanas não param de chegar
Assim como nos outros dias desde o início da mobilização em 7 de abril, quando o ex-presidente saiu dos braços do povo em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para cumprir decisão judicial imposta injustamente pelo juiz Sérgio Moro em Curitiba, novas caravanas chegam para aquecer ainda mais a resistência popular até que Lula seja libertado.
O ex-presidente Lula encontra-se isolado há dez dias em uma sala, proibido de receber visitas de amigos e sendo tratado como preso de alta periculosidade pela Justiça brasileira que o condenou, sem crime e sem provas, de ser proprietário de um imóvel no litoral paulista. O que não foi explorado nem divulgado pela imprensa comercial é que o apartamento triplex do Guarujá pertence à construtora OAS.