Escrito por: Redação CUT

Lula: Meu maior prazer seria sair daqui e o Moro entrar. Ele e o Dallagnol

Eu quero sair daqui com 100% da minha inocência. Só quero um julgamento justo. Não sou pombo, coloque neles a tornozeleira, disse Lula em entrevista à TV 247

Felipe Gonçalves /TV247

Bem-disposto e afiado, apesar da prisão política e injusta que completou 500 dias e de todas as perdas acumuladas neste período, o ex-presidente Lula deu uma entrevista aos jornalistas Mauro Lopes, Paulo Moreira Leite e Pepe Escobar, da TV 247, nesta quinta-feira (23), e falou sobre a Operação Lava Jato, a destruição da Amazônia, a falta de decoro de Jair Bolsonaro e o papel dos Estados Unidos no golpe de 2016.

Lula está indignado com a sua condição de preso político, mas deixou claro que dorme tranquilo, ao contrário de seus algozes que, depois da série de reportagens conhecida como Vaza Jato publicadas pelo The Intercept e parceiros, como Folha, UOL e El País, mostrando o conluio ilegal entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol para prendê-lo e impedir que fosse eleito presidente, precisam de medicamentos para dormir, como reconheceu o chefe da força tarefa esta semana.

"O Moro tem insônia porque ele sabe que mentiu. E agora está fazendo papel de palhaço", afirmou, antes mesmo de saber que Dallgnol, desmoralizado pela Vaza Jato, só tem conseguido dormir à base de remédios.

Perguntado sobre a possibilidade do ir para o regime de prisão domiciliar ou se manteria a posição crítica como já manifestou, Lula respondeu indignado: “Eu já disse que quero casar, tenho namorada. Mas dignidade, caráter você não compra. Isso você adquire na sua formação”, declarou lembrando da educação que recebeu da mãe e que proporcionou que ele pudesse “andar sempre de cabeça erguida”.

Eu quero sair daqui com 100% da minha inocência. Só quero um julgamento justo. Não sou pombo, coloque neles a tornozeleira. Meu maior prazer seria sair daqui e o Moro entrar. Ele e o Dallagnol- Lula

Defesa da soberania

Lula também falou da organização da luta política e disse que a defesa da soberania nacional ante os ataques e privatizações do governo Bolsonaro, que esta semana anunciou a venda ou extinção de 17 estatais, é o instrumento capaz de unificar a esquerda no país para disputar as próximas eleições presidenciais.

“Vai unificar se construir um instrumento de unificação, um programa em defesa da soberania nacional, de interesses soberanos e de uma nação soberana, voltada para os direitos fundamentais”, afirmou, com a ideia da elaboração de programa para ser apresentado à sociedade.

A ameaça de privatização da Petrobras pelo governo é um dos mais graves gestos de afronta à soberania do país, afirma o ex-presidente na entrevista. Ele lamentou que exista até mesmo o interesse em destruir a Lei de Partilha e lembrou que o petróleo representa a perspectiva de futuro para reduzir as desigualdades no país.

Meio ambiente

Logo no começo da entrevista, Lula atacou a postura de Bolsonaro em relação às queimadas na Amazônia, que têm sido denunciadas pela imprensa no país e no mundo. Disse que é fácil saber quem está colocando fogo, por meio das fotografias de satélites, que permitem identificar proprietários de terra.

Mais adiante, ironizou a comparação que tem sido feita pela imprensa corporativa entre ele e Bolsonaro, como fez o Jornal Nacional, e enfatizou que a sociedade não deve aceitar o discurso de Bolsonaro de que são as ONGs que estão colocando fogo na floresta. “Quem toca fogo são os empresários, os eleitores dele”.

Saiba Mais

 

Ao final, ao ser perguntado sobre qual a primeira coisa que vai fazer ao sair livre, Lula disse que quer visitar a vigília em frente à sede da Polícia Federal do Paraná, onde está preso, para agradecer o apoio da militância. “Primeira coisa que eu vou fazer é ir na vigília dar um beijo em cada pessoa, fazer os meus agradecimentos e tomar uma boa de uma cachacinha”, afirmou sorrindo.

A Vigília Lula Livre funciona nas proximidades da sede da Superintendência de Polícia Federal desde o dia 7 de abril de 2018, quando Lula foi preso. Os militantes dão ‘bom dia, ‘boa tarde’ e ‘boa noite’ ao presidente Lula todos os dias para mostrar solidariedade, gratidão e3 deixar claro que ele não está nem ficará sozinho.

Assista à íntegra da entrevista de Lula ao 247