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Lula: não adianta votar em presidente sem uma bancada forte no Congresso

Em coletiva, ex-presidente destacou importância das eleições legislativas este ano para realizar uma “reforma profunda e reconstruir as instituições”. E chamou Bolsonaro de “medíocre" por inflar crise com o STF

Publicado: 26 Abril, 2022 - 16h16

Escrito por: Clara Assunção /RBA

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Em entrevista coletiva à mídia independente nesta terça-feira (26), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que dará mais importância à eleição para o Legislativo do que a própria presidencial. O objetivo é que o Congresso tenha uma “bancada que defenderá o seu governo”. A avaliação do pré-candidato pelo PT é de que é preciso garantir uma maioria parlamentar que trabalhe, junto com o Executivo, por “uma profunda reforma” no Brasil que reconstrua as instituições e as políticas que deixaram de funcionar sob o atual governo.

“Quando fui eleito, em 2002, fizemos a maior bancada do PT com 90 deputados de (um total de) 513. Então, é preciso convencer o povo de que ele não pode continuar colocando raposa para tomar conta das galinhas, porque as raposas vão comer e não cuidar das galinhas. Essa é uma tarefa que é compromisso de campanha”, completou. 

“Quero ter uma lista de todos os candidatos a deputados, de todos os partidos que estão me apoiando, para a gente fazer as pessoas votarem”, declarou o ex-presidente. Lula afirmou que vai o orçamento da União em um eventual novo governo seu será planejado com a participação popular, em vez das emendas sigilosas como praticado atualmente pelo governo de Jair Bolsonaro.  O chamado orçamento secreto foi criado pelo atual presidente para angariar apoio do Congresso. Por meio desse artifício, são liberadas as chamadas ‘emendas do relator” sem qualquer transparência.

Atualmente, o PL, legenda do atual presidente Jair Bolsonaro, é a maior bancada da Câmara, com 78 deputados, após o fim da janela partidária no início de abril. Já o PT conta com 56 parlamentares, a segunda maior bancada da Casa. Na sequência vem o PP (52). Juntos, com 48 deputados cada, estão o PSD e o União Brasil – criado da fusão entre PSL e DEM. O Republicanos vêm depois, com 41. 

Expectativas à esquerda

Mais uma vez, Lula foi questionado sobre a presença do ex-governador Geraldo Alckmin na chapa presidencial. Como resposta, ele refutou o argumento de que alianças com setores de centro e centro-direita frustrariam expectativas de vários setores da esquerda quanto a pautas caras desse campo, como a distribuição de renda e a taxação de grandes fortunas. 

Lula afirmou ainda que não necessariamente “tenho que ser um presidente mais à esquerda, centro ou direita”, mas sim “que é preciso criar condições para fazer as coisas”. “Eu vou fazer mais não porque serei mais à esquerda, mas porque tenho que fazer mais do que já fiz. E eu acho que a gente pode fazer mais”, rebateu Lula. Nesse sentido, o ex-presidente voltou a defender como “solução” o que vem frisando como inclusão do povo pobre e trabalhador no orçamento da União e do rico no Imposto de Renda. 

“Porque quando eles (ricos) estiverem pagando um imposto de renda justo, de acordo com o que eles ganham, pagando o imposto de renda sobre lucros e dividendos, teremos mais recursos para aplicar em mais políticas públicas e sociais e de investimento em educação, saúde e melhorar a vida das pessoas. Mas isso é um processo em construção. Se você fizer bravata e mandar para o Congresso Nacional sem ter uma maioria, você não aprova”, ressaltou. 

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‘Bolsonaro medíocre’

Lula também apontou como desafio a educação pública no país em razão da desigualdade que, durante a pandemia de covid-19, foi aprofundada para os filhos dos trabalhadores pobres. Por conta disso, ao longo da coletiva o ex-presidente enfatizou diversas vezes a importância de construir harmonia entre os poderes. Ele também ressaltou a anormalidade da crise institucional entre o Supremo Tribunal Federal e o presidente Bolsonaro, a quem chamou de medíocre pela concessão do indulto a Daniel Silveira, que considerou uma afronta ao Judiciário. 

Orçamento participativo

Entre as propostas, além do orçamento participativo, em que a sociedade civil, por meio de conferências municipais, estaduais e federais, aponta para onde e como devem ser investidos os recursos da União, Lula ressaltou que é preciso fortalecer programas sociais, como de inclusão para as pessoas com deficiência. Também disse que é preciso, com participação social, garantir a criação de postos de trabalho diante de um novo cenário em que a indústria vem perdendo peso. 

De imediato, o ex-presidente defendeu o fortalecimento de uma política em defesa do empreendedorismo no país. Mas destacou que o empreendedor “não poder ser o cara da motocicleta que não tem direitos e nem salário”. “O empreendedor tem que ser o cara que tenha no Estado uma política de crédito que garanta a ele o empreendimento. O Estado tem que dar oportunidade”, justificou. 

“Em quatro anos terei que trabalhar mais do que trabalhei nos oito anos (em que fui presidente) Vou andar por esse país, fazer conferências, vamos decidir, temos que convencer o Congresso, e tudo isso só será feito se houver harmonia. (…) Vamos ter que fazer uma reforma profunda para que as instituições voltem a funcionar e esse país volte a ser respeitado, volte a receber dinheiro para investimento direto que é o que vai ajudar o país a crescer. E vamos ter que apresentar um plano muito grande de obra de infraestrutura. A gente não pode esperar”, resumiu Lula. 

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