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Lula não cabe em 15 metros quadrados porque tem o tamanho do Brasil, diz Vagner

Em artigo, presidente da CUT defende a imediata libertação de Lula porque ele é inocente. "Nossa luta pela liberdade do ex-presidente só aumenta e se fortalece. Lula tem de ser libertado, Lula é inocente"

Publicado: 05 Abril, 2019 - 18h00 | Última modificação: 05 Abril, 2019 - 20h45

Escrito por: Vagner Freitas, presidente da CUT

Roberto Parizotti
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As ruas do Brasil, a vontade e o grito de um povo não cabem em 15 metros quadrados. Não é possível conter  em 15 metros quadrados a grandeza de um homem, que há um ano, mesmo sem provas e ao arrepio da Constituição, foi confinado em uma sala pouco maior que essas vans produzidas por montadoras como as de São Bernardo do Campo, cidade onde a história política de Luiz Inácio Lula da Silva teve início para se amalgamar à história da redemocratização do País e mudar o cenário de miséria, injustiça e desigualdade social da maioria pobre dos brasileiros.

Eu entrei nessa sala. Por duas vezes tive a honra triste de visitar o ex-presidente Lula na cela improvisada dentro da Superintendência da Policia Federal, em Curitiba, onde tentam apartar do povo, dos eleitores e da família o presidente mais popular que este País já teve. Entrei indignado por ver Lula confinado injustamente, mas saí ainda mais convencido da importância dele para a democracia, a soberania e o crescimento do Brasil e a uma vida melhor para todos brasileiros.

Esses 365 dias de prisão não mudaram Lula. Foi o Brasil que mudou, para pior, depois daquelas imagens do ex-presidente saindo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sob a escolta de policiais federais. Eu estava lá naquele e também vi a cena que, com certeza, já entrou à história como uma das maiores injustiças já cometidas neste País, e no mundo.

Neste um ano, vi Lula ser preso, sofri ao ver adversários tripudiarem sobre a dor de quem respeita e admira o ex-presidente. Vi Lula ser impedido de velar o corpo do irmão Vavá e, poucos dias depois, prantear a morte do neto Arthur, em um velório vigiado por tropa de policias com fuzis, enquanto, em volta, o povo gritava pela liberdade do ex-presidente. Isso tudo a mídia fez questão de mostrar: condenação arbitrária, prisão, dor, sofrimento, depoimentos, mentiras, ataques, audiências vazadas, delatores sem provas.

Mas vi também o que a mídia tenta esconder e os detratores do ex-presidente fingem não enxergar: a bandeira Lula Livre presente em cada ato, manifestação, protesto, assembleia em porta de fábrica, caravana e passeatas Brasil a fora. Na greve de professores ou caminhada de metalúrgicos; nas escolas, teatros, redes sociais, no Brasil e no mundo livre, o rosto de Lula e a hashtag #LulaLivre estão presentes, sem que manifestação seja exclusivamente pela liberdade do ex-presidente.

Porque Lula representa exatamente a luta do povo por melhores condições de vida, de trabalho, de salário, de educação, saúde, previdência, liberdades, direitos humanos. É um homem que catalisa e traduz, em sua história e governos, as vontades populares atendidas. Por isso, toda luta tem a cara do Lula e Lula tem a cara da luta.

Tive a alegria de cidadão de ver Lula subir a rampa do Palácio do Planalto com a faixa presidencial por duas vezes e só não o vi subir pela terceira vez porque a elite financeira e empresarial, com o apoio da mídia e a conivência de parcela do Judiciário, impediu forjando um crime que não houve, o de ser dono de um tríplex que nunca esteve no nome dele. Um imóvel arrematado por 2,2 milhões de reais, valor pequeno frente a um homem que, em apenas uma noite, com a força do seu nome, vê um leilão de fotos arrecadar mais de 600 mil reais à campanha Lula Livre.

Que outro ex-presidente, político conseguiria que 40 renomados fotógrafos doassem suas obras para ajudar na luta pela liberdade de Lula? Que outro homem receberia em sua cela mais de 600 visitas vindas de todas as partes do mundo - do assessor do Papa a monges budistas, do octogenário Martinho da Vila a jovens estudantes? Que político em dias de negação da política lotaria a candelária a avenida paulista, as orlas de Salvador e Rio de Janeiro, as ruas de Recife e de Porto Alegre com homens e mulheres de todas as idades, credos e raças gritando por sua liberdade? Que líder agregaria outros partidos em defesa da sua liberdade?

Lula é a resposta. Lula é o Cara e, por isso, está preso.

À época da prisão do ex-presidente um “grande” portal de notícias escreveu: “Lula, fim da linha”. Um ano depois, está provado que não há juiz, promotor em busca de holofote nem judiciário dividido que consiga determinar quando Lula deixará de ocupar mentes e corações dos brasileiros como o único presidente que tornou o Brasil menos desigual. Poderia elencar aqui centenas de dados e números para lembrar o tamanho da obra pública e política de Lula. Não o farei. Estão todos nos anais da história e são incontestáveis. Lula dispensa gráficos e apresentações. O mundo o conhece e não é da cadeia.

O conluio de interesses capitalistas e neoliberais que pensou ter enterrado Lula vivo só o fez ainda maior. Porque Lula tem o povo para lhe dizer “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” todos os dias na vigília ao lado da PF, em Curitiba. Lula tem centenas de cartas para ler na sua solidão involuntária. Lula tem o noticiário do jornais da TV, que mesmo a contragosto, é obrigado a falar no nome dele. Lula tem o relato dos advogados e amigos a contar-lhe como o povo não o esquece, seja nas redes sociais com sua hastag #LulaLivre.

Lula tem a seu lado grande parte da comunidade Jurídica, no Brasil e no Exterior, que denunciou e repudiou a sua prisão arbitrária e viu um governo ignorar a recomendação da ONU para libertá-lo. Os tribunais fingem-se de surdos e os adversários tremem de medo ante a possibilidade de Lula deixar a prisão.

Lula poderia ter deixado o Brasil antes de ser preso, conseguiria viver em qualquer país que escolhesse, longe do preconceito e intolerância da elite que nunca engoliu um operário na Presidência da República e que há 30 anos tenta negar o maior fenômeno político-eleitoral e popular da história do Brasil.

Ao longo desse um ano, Lula esteve presente em nos brasileiros que conquistaram uma vida melhor por conta das ações e avanços implementados nos governos Lula e Dilma. Condená-lo e prendê-lo foi um ato estrategicamente orquestrado, mas também foi desespero de que tem pavor da palavra e da liderança popular de Lula. Nunca conseguirão prendê-lo, porque, como ele mesmo diz, “não se aprisiona uma ideia”.

Nossa jornada para libertar o ex-presidente só aumenta e se fortalece. Lula tem de ser libertado, não porque é o melhor presidente que este País já teve, mas porque Lula é inocente. Da nossa luta depende não apenas a liberdade de Lula, mas a justiça a que ele tem direito.

Lula Livre!

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT

 

5 de abril de 2019