Escrito por: Redação CUT
Iniciativa pretende aumentar representação na política de pessoas negras comprometidas com uma agenda antirracista de desenvolvimento no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas estaduais
Dos 513 parlamentares que compõem a atual Câmara dos Deputados, 436 são homens, sendo que destes 75% são brancos e apenas 24% pretos, mas apenas 21 deles, ou 4%, se autodeclararam pretos.
É para reverter essa situação que personalidades e militantes do movimento negro lançam nesta segunda-feira (6), ás 17h, o Quilombo nos Parlamentos, iniciativa que pretende aumentar a representação na política de pessoas negras comprometidas com uma agenda antirracista de desenvolvimento no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas estaduais.
A iniciativa será lançada em um evento na Ocupação 9 de Julho, em São Paulo. O ex-presidente Lula (PT) foi convidado e havia confirmado presença, mas anunciou neste domingo (5) que contraiu Covid-19 e entrou em isolamento, portanto, não poderá comparecer presencialmente.
Esta tarde, no entanto, a assessoria do ex-presidente informou que ele participará de forma remota do evento, que será transmitido ao vivo.
O Quilombo nos Parlamentos reúne, até o momento, 67 pré-candidatos a deputado estadual, 31 a deputado federal, 2 distritais e 1 ao Senado, numa aliança suprapartidária que envolve PT, PSOL, PC do B, PSB, PDT e Rede Sustentabilidade. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, iniciativa é articulada pela Coalizão Negra por Direitos, rede com mais de 250 organizações.
O grupo lançou em dezembro de 2019, uma agenda com 25 pontos, que vão do direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade até a demanda por uma nova política de drogas, passando por temas como demarcação de terras, violência contra a mulher, encarceramento em massa e racismo ambiental.
"O critério primordial de participação no Quilombo nos Parlamentos é o compromisso político com a agenda da Coalizão", explicou a jornalista e escritora Bianca Santana, integrante da Coalizão, ao jornal.
Segundo ela, “o projeto do movimento negro para o país não é de reproduzir desigualdades, mas de justiça racial e justiça social".
O colunista da Folha Celso Rocha de Barros, servidor federal e doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra), criticou a falta de representação negra na Câmara e no Senado - “etnicamente falando, se o Congresso Nacional estiver representando algum país, não é o Brasil”, disse em artigo publicado nesta segunda, onde defendeu a iniciativa.
Rocha Barros ressaltou na coluna a importância da representação negra, lembrando nomes como o do deputado negro Carlos Alberto Caó, autor da lei que tornou o racismo crime inafiançável; Benedita da Silva (PT), que aprovou a regulamentação do trabalho doméstico, uma ocupação fortemente racializada; e deputado federal (agora, senador) negro Paulo Paim, que propôs o Estatuto da Igualdade Racial.