Escrito por: Redação CUT

Lula participa virtualmente do lançamento da iniciativa “Quilombo nos Parlamentos”

Iniciativa pretende aumentar representação na política de pessoas negras comprometidas com uma agenda antirracista de desenvolvimento no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas estaduais

Ricardo Stuckert

Dos  513 parlamentares que compõem a atual Câmara dos Deputados, 436 são homens, sendo que destes 75% são brancos e apenas 24% pretos, mas apenas 21 deles, ou 4%, se autodeclararam pretos.

É para reverter essa situação que personalidades e militantes do movimento negro lançam nesta segunda-feira (6), ás 17h, o Quilombo nos Parlamentos, iniciativa que pretende aumentar a representação na política de pessoas negras comprometidas com uma agenda antirracista de desenvolvimento no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas estaduais.

A iniciativa será lançada em um evento na Ocupação 9 de Julho, em São Paulo. O ex-presidente Lula (PT) foi convidado e havia confirmado presença, mas anunciou neste domingo (5) que contraiu Covid-19 e entrou em isolamento, portanto, não poderá comparecer presencialmente.

Esta tarde, no entanto, a assessoria do ex-presidente informou que ele participará de forma remota do evento, que será transmitido ao vivo.

O Quilombo nos Parlamentos reúne, até o momento, 67 pré-candidatos a deputado estadual, 31 a deputado federal, 2 distritais e 1 ao Senado, numa aliança suprapartidária que envolve PT, PSOL, PC do B, PSB, PDT e Rede Sustentabilidade. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo,  iniciativa é articulada pela Coalizão Negra por Direitos, rede com mais de 250 organizações.

O grupo lançou em dezembro de 2019, uma agenda com 25 pontos, que vão do direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade até a demanda por uma nova política de drogas, passando por temas como demarcação de terras, violência contra a mulher, encarceramento em massa e racismo ambiental.

"O critério primordial de participação no Quilombo nos Parlamentos é o compromisso político com a agenda da Coalizão", explicou a jornalista e escritora Bianca Santana, integrante da Coalizão, ao jornal.

Segundo ela, “o projeto do movimento negro para o país não é de reproduzir desigualdades, mas de justiça racial e justiça social".

O colunista da Folha Celso Rocha de Barros, servidor federal e doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra), criticou a falta de representação negra na Câmara e no Senado - “etnicamente falando, se o Congresso Nacional estiver representando algum país, não é o Brasil”, disse em artigo publicado nesta segunda, onde defendeu a iniciativa.

Rocha Barros ressaltou na coluna a importância da representação negra, lembrando nomes como o do deputado negro Carlos Alberto Caó, autor da lei que tornou o racismo crime inafiançável; Benedita da Silva (PT), que aprovou a regulamentação do trabalho doméstico, uma ocupação fortemente racializada; e deputado federal (agora, senador) negro Paulo Paim, que propôs o Estatuto da Igualdade Racial.