Escrito por: Vinicius Konchinski / BdF

Lula reabre fábrica de fertilizantes no Paraná e 215 pessoas voltam ao trabalho

"Estamos retomando a autoestima e orgulho dos trabalhadores', disse o presidente durante cerimônia em Araucária (PR)

Lucas Botelho / BdF PR
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne trabalhadores para a reabertura de fábrica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início nesta quinta-feira (15) às obras para reabertura da Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados (Fafen) fechada em 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Fafen pertence à Petrobras e fica em Araucária, na região metropolitana de Curitiba (PR).

Lula esteve no espaço nesta manhã. Em cerimônia que contou com a presença de centenas de petroleiros e químicos, ele fez um discurso emocionado. Chorou ao dizer que sentia orgulho em reabrir a Fafen e colocar mais de 200 pessoas, demitidas durante a pandemia do covid, de volta ao trabalho.

“Não estamos só retomando uma fábrica. Estamos retomando a autoestima e orgulho dos trabalhadores”, disse ele. “Quem fechou essa fábrica nunca ficou desempregado”.

Lula ainda criticou outras decisões tomadas pela gestão bolsonarista da Petrobras. “Tínhamos uma fábrica de fertilizantes em Mato Grosso do Sul faltando 15% para ser concluída; foi parada. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o Complexo Petroquímico de Itaboraí; tudo foi parado”, descreveu. “Eles não enxergam uma unha à frente do nariz.”

A reabertura da Fafen vai demandar investimentos de R$ 870 milhões da Petrobras. Mais de 2 mil trabalhadores atuarão em obras, que devem ser concluídas no segundo semestre de 2025. Após a Fafen voltar a operar, devem ser mantidos cerca de 700 empregos diretos.

Desde julho, 215 antigos funcionários da fábrica reiniciaram seus trabalhos. São técnicos que foram recontratados pela subsidiária da Petrobras. Nesta quarta, Lula entregou de volta, simbolicamente, os crachás de identificação desses empregados.

A Fafen está contratando serviços e aquisição de materiais. Mais 85% desses materiais devem ser produzidos no Brasil, numa política de incentivo à indústria nacional.

Pressão de trabalhadores

A reabertura da Fafen é considerada uma vitória de petroleiros e químicos, que sofreram grandes impactos pelo seu fechamento. “A Fafen ficou parada por 4 anos e meio por incompetência e entreguismo do governo anterior”, reconheceu o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), um dos membros do governo que acompanha Lula no Paraná.

Após a volta de Lula à Presidência, a Petrobras incluiu projetos para retomada da operação da fábrica em seu plano estratégico. Magda Chambriard, presidente da Petrobras, disse ter recebido do presidente a missão de executar tal plano. “Recebi a missão de movimentar a Petrobras porque a Petrobras movimenta a economia do país”, afirmou.

A Fafen tem capacidade de produzir 720 mil toneladas de ureia por ano, o que corresponde a 8% do mercado nacional, além de amônia e Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32). Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que a produção de ureia é essencial para a soberania alimentar do país.

“Como um país como este, que produz essa quantidade enorme de alimentos, tem mais de 90% dos seus fertilizantes nitrogenados vindos de fora?”, questionou Bacelar, lembrando que a ureia produzida na Fafen será usada pela agricultura nacional.

Refinaria

A Fafen está localizada no complexo industrial da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Lula também anunciou investimentos na planta, que fornece 15% dos derivados de petróleo consumidos no país. Seus produtos atendem principalmente os mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

A Petrobras vai investir R$ 3,2 bilhões na Repar. Serão gerados cerca de 27 mil empregados diretos e indiretos. Entre os projetos, está prevista a implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT), que tem por finalidade o aumento da produção de diesel S10, além de melhoria de eficiência energética e aumento da produção.

“A gente vai fazer o que sabe fazer de melhor: transformar investimentos em produção e abastecer o país”, disse Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato de Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC).

Em 2023, a Repar bateu recordes de produção de mais de dez anos. A produção de gasolina foi de mais de 3,4 bilhões de litros, superando em 3% o recorde de 2012. O volume total de vendas de gasolina pela Petrobras, na área de influência da Repar, foi o maior da série histórica, superando em 4,8% a marca anterior, de 2022.