Escrito por: Redação RBA
Fome, ambiente, sistemas de saúde e educação exigem prioridades, diz presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira (7) profissionais da mídia independente no Palácio do Planalto. Durante 90 minutos, Lula abordou todos os assuntos que considerou marcantes entre a eleição e seu primeiro mês de governo. Voltou a lembrar que a vitória eleitoral não foi um feito qualquer, diante do volume de dinheiro público gasto por Jair Bolsonaro. E observou que o bolsonarismo ainda está ativo e precisa ser superado. Não só com a defesa intransigente da democracia, mas também com resultados práticos das ações de governo na vida das pessoas.
O presidente criticou questionamentos de setores do “mercado” que classificam como “gastos” os investimentos necessários para superar a pobreza e retomar o crescimento com inclusão. E lembrou que ações danosas de operadores no mercado de capitais, como o rombo da Lojas Americanas ou a “aberração” na privatização suspeita da Eletrobras, deveriam incomodar mais o capitalismo brasileiro.
Ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta, Lula falou a mais de 40 comunicadores e jornalistas da mídia independente. O diretor da RBA, Paulo Salvador, e o repórter da TVT Jô Myagui, estavam presentes. O presidente reafirmou compromisso com a democratização do acesso à informação, e reconheceu que para isso é preciso fortalecer esses setores da mídia.
Ao falar sobre o primeiro mês de governo, o chefe do Executivo observou a conjuntura de golpe instalada pelo terrorismo bolsonarista – inclusive com participação de militares – e as dificuldades criadas para o início dos trabalhos não só do governo, como do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Ainda assim, observou os esforços internos com objetivo de retomar 14 mil obras paralisadas pelas gestões anteriores.
Governo em construção
Citou ainda a forte reação da sociedade à tragédia humanitária a que estavam submetidas comunidades Yanomami em Roraima. Ressaltou que várias áreas de governo estão envolvidas na operação de socorro. E também que os combates a crimes ambientais, como desmatamentos, garimpo e mineração ilegais, não se esgotarão nas tarefas emergenciais. Isto é, serão uma política permanente de governo, como esperam o Brasil e o mundo.
O presidente confirmou viagem aos Estados Unidos para encontro com o presidente Joe Biden na próxima sexta (10). E antecipou que não dará apoio a nenhuma intervenção do Brasil em um dos lados da guerra da Ucrânia – exceto ao esforço pelo diálogo e a paz.
Lula voltou a criticar a política monetária do Banco Central e o descompasso entre os juros básicos, a inflação e as necessidades da economia brasileira de baratear o custo do dinheiro para o setor produtivo e o mercado interno. Depois da volta dos EUA, reunirá toda a equipe ministerial para um balanço, inclusive, da própria montagem de governo, ainda inconclusa.
Por fim, anunciou que acionará a Advocacia Geral da União para verificar possíveis ações contra privatizações prejudiciais ao país, como da Eletrobras. Mas reiterou diversas vezes que todos os recursos disponíveis do Estado brasileiro terão como prioridades, no curto prazo, o combate a fome, a recuperação da saúde e da educação – goste o mercado financeiro ou não.