Lula: 'Vamos trazer a democracia de volta ao Brasil'
Ex-presidente encerra etapa mineira da caravana em Belo Horizonte, lembrando o Juscelino Kubitscheck: "Estou perdoando os golpistas". Próximo destino deve ser a região Sul, terra de Getúlio Vargas.
Publicado: 01 Novembro, 2017 - 11h00 | Última modificação: 07 Novembro, 2017 - 10h03
Escrito por: Redação RBA
Milhares de pessoas acompanharam ontem (30) o encerramento da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, ao fim de oito dias, percorreu mais de 1.500 quilômetros e passou por 28 cidades. O ato final foi realizado no centro da capital do estado, Belo Horizonte, na Praça da Estação.
Ao iniciar sua fala, Lula lembrou que toda vez que a direita age para usurpar o poder, ela tenta "destruir moralmente os seus adversários". "Foi assim com Getúlio Vargas, com Juscelino Kubitschek (JK). Depois, essa gente não deixou João Goulart governar. Eu sou mais paciente do que o Getúlio, mais paciente que o Goulart. E talvez eu seja paciente tanto quanto o JK. Porque diziam que ele não poderia ser candidato, nem ganhar, nem tomar posse, e que se ele tomasse posse, tirariam. Os golpistas desse país, que fizeram a desgraça, que disseram que era culpa da Dilma e do PT, tiraram a Dilma e agora o que estamos percebendo é que eles levaram o país a uma situação de deteriorização".
O ex-presidente exaltou sua disposição para "virar o jogo e trazer a democracia de volta" ao Brasil; "Estou perdoando os golpistas que fizeram essa desgraça no país", disse em referência a Juscelino Kubitschek, que perdoava os militares após as tentativas de derrubá-lo
O ato de encerramento da caravana de Lula por Minas Gerais teve como tema central "a cultura e os movimentos sociais e populares mineiros", segundo divulgou, em nota, o Partido dos Trabalhadores. Além dos discursos, a Praça da Estação recebeu exposições e diversas manifestações culturais. .
O ex-presidente voltou a criticar a gestão Temer e defender que educação é investimento – e não gasto - e condenou o atraso que a sociedade brasileira sofreu com os governos anteriores aos do PT em relação à educação pública. "A elite política desse país é a mais perversa desse continente, porque nunca se preocupou em educar o povo brasileiro. É a única explicação que eu tenho", disse Lula. .
Ele ressaltou que o governo golpista trabalha para retirar direitos conquistados por lutas históricas dos trabalhadores e alertou para a necessidade de a população voltar a debater política no dia a dia, como forma de combater o retrocesso. "Vocês têm que levantar a cabeça para saber o que está acontecendo no Brasil. Quando criam PEC que proíbe investimento do governo em saúde e educação, quando querem a privatização da Petrobras e acabar com a indústria de óleo e gás, eles praticam um aborto nesse país. O aborto do futuro. Vão tirar os royalties do pré-sal para a educação".
Lula voltou a afirmar que, se for candidato e vencer as eleições presidenciais de 2018, vai convocar um referendo para revogar todos os retrocessos que o governo golpista tem promovido no Brasil. "Eles destruiram a legislação trabalhista. Quer resolver o problema da Previdência? Primeiro, caia fora, Temer. Esse país pode ser desenvolvido, exportador, respeitado pelo mundo, mas só será respeitado se a gente recuperar a nossa autoestima. Temos que gostar do Brasil e temos que assumir a responsabilidade que o Brasil será o país que a gente quiser, e não o que o Temer quiser, não o que o Meirelles quiser." .
Esta foi a segunda etapa do projeto Lula pelo Brasil. Em setembro, a caravana percorreu nove estados nordestinos, passando por 58 cidades em 20 dias. Como afirmou Lula ao longo de seu caminho por Minas Gerais, a intenção das viagens é de "ouvir a população, os problemas e anseios".
Agora, o ex-presidente afirma que vai seguir em caravana, partindo da terra de Juscelino Kubitschek para a de Getúlio Varga, que era gaúcho – a terceira etapa da caravana #LulapeloBrasil será pela região sul.
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'O Brasil será o país que a gente quiser, e não o que o Temer quiser, não o que o Meirelles quiser', disse Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
Dilma e Pimentel
A ex-presidenta Dilma Rousseff exaltou a importância das caravanas para a reconstrução e fortalecimento da democracia brasileira.
"Nossas caravanas são formas de discussão de combate de resistência e de luta. O encontro do Lula com os mineiros. Esse encontro está mostrando uma realidade muito importante. De um lado, há clara consciência e percepção, e a gente vê isso nas ruas e nas pessoas, mas também nas pesquisas. Lula crescendo com o apoio da população, porque essa população tem memória, Sabe também da importância da democracia, porque sempre que nós tivemos democracia nós avançamos", disse.
"Vão tentar nos amendrontar. Colocar na pauta que nós podemos ter um impedimento à candidatura de Lula. Mas o que está ficando claro é que nós não temos o menor medo deles. E essa caravana, esse ato em Belo Horizonte, são uma demonstração de coragem das mineiras e dos mineiros", completou a presidenta.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT-MG), fez um relato emocionado sobre o amor do povo mineiro pelo ex-presidente Lula.
"Ele é movido a povo, a gente. É por isso que ele está na estrada de novo fazendo as caravana como ele fez lá atrás, há 20 anos, era presidente e fazia. E continuou abraçando cada brasileiro e brasileira. No coração de cada um aqui e de cada uma, tem o retrato do Lula, cravado lá no fundo".
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