Escrito por: Érica Aragão
A resistência só é possível com a solidariedade e a empatia do povo que entendeu que o que está em jogo são os direitos, a democracia e a defesa do presidente do povo
O acampamento Lula Livre, montado perto da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, desde sábado (7), primeiro dia da prisão política do ex-presidente Lula, é um local organizado, com tarefas específicas distribuídas e cumpridas com dedicação por cada militante escalado. Tem gente para fazer segurança, para cuidar da comunicação, da saúde dos acampados, organizar atividades culturais e políticas e, claro, tem as pessoas responsáveis pela comida servida ao acampados e visitantes.
Além das seis cozinhas montadas, que funcionam praticamente o dia inteiro, o acampamento tem ambulância com dois paramédicos e alguns colaboradores para ajudar a manter a saúde do povo que resiste e promete não sair de lá até que Lula seja libertado.
Entre os colaboradores, tem grupos que orientam a prática de yoga, outros que tratam os acampados com acupuntura, massagem e massoterapia. É o povo cuidando do povo.
Uma das coordenadoras da Frente Brasil Popular em Curitiba, Marcia Lima, que está cuidando da infraestrutura do acampamento Lula Livre, conta que há muita colaboração entre os acampados, e muitas doações de alimentos, colchonetes, cobertores e água não param de chegar, em especial de vizinhos, entidades populares e sindicais e dos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), que estão se esforçando para dar algum conforto aos acampados.
“Mesmo estando distante, essas pessoas estão fortalecendo a luta por democracia e direitos. Somos todos Lula", diz Márcia, se referindo a resistência em favor do povo.
"Como o presidente mesmo fala. Lula é uma ideia, Lula é maior que tudo isso. Eles não vão conseguir prender uma ideia. E nós estamos prontos para continuar resistindo. Enquanto Lula não sair livre daqui, nós estaremos aqui, de barriga cheia, nos ajudando, nos cuidando".
Refeições
Mas, é no café da manhã, na hora do almoço e do jantar, quando mulheres, homens, jovens e crianças fazem filas com pratos e colheres nas mãos nas entradas das cozinhas comunitárias, onde são servidas as refeições, é que todos percebem o resultado concreto da organização, esforço e trabalho coletivo de centenas de pessoas.
Nesta quarta-feira (11), quinto dia de resistência, centenas de pratos já foram servidos no acampamento para acampados e visitantes. Quem vê essa fila de pessoas esperando para ser servida nem imagina como a turma se prepara para dar conta desta tarefa enorme.
As atividades começam cedo. O cardápio é pensado pela manhã e o cheirinho da comida já começa a se espalhar pelo acampamento antes mesmo das 10h. Para o jantar, a equipe da comida, em geral formada por militantes do MST, começa a definir o que vai fazer logo depois de servir o almoço, por volta das 15h30.
A agricultora familiar Loreni Trindade, que faz parte da equipe de uma das seis cozinhas, vive há quatro anos no acampamento Herdeiros da Terra Primeiro de Maio, do MST, no Rio Bonito de Iguaçu, e viajou mais de 300 km para prestar solidariedade ao ex-presidente Lula e está na resistência desde domingo (8).
"Eu sempre gostei de cozinhar para bastante gente e servir esse povo de luta é contribuir para que a resistência seja ainda maior", contou emocionada.
"Meu sonho é fazer um prato de arroz, feijão, salada e carne de porco para o Lula".
Atividades diversas
Entre os atos políticos e culturais diversas batucadas passam pelo acampamento. Com os gritos de guerra "Lula guerreiro do povo brasileiro", faixas com a imagem do ex-presidente com escritas Lula Livre e bandeiras do Brasil, a batucada faz o povo vibrar e participar do coro em defesa do ex-presidente.
Um deles é o senhor Honório Delgado Rubio, escritor espanhol de 93 anos. Em resposta à pergunta do porquê um espanhol está na luta em defesa de Lula, com os olhos cheios de lágrimas, ele diz:
"Eu sempre fui um proletário e me sinto na obrigação de apoiar a classe trabalhadora, a classe do povo. Eu não nasci no Brasil, mas tenho três filhos brasileiros e quatro netos e eu tenho de defender a soberania em nome deles”.
“Para defender a soberania tenho que estar com o proletariado que são os únicos que lutam e trabalham e engrandecem o Brasil," concluiu Honório.
Doações
Você também pode doar. Acesse o site e fortaleça a resistência.