Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini

Luta mundial pelo fim da violência contra a mulher é celebrada neste 25 de novembro

Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres é parte das atividades dos 21 dias de ativismo, campanha realizada pela ONU em todo o mundo

Arte: Edson Rimonatto/CUT

Tem início neste 25 de novembro, “Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres”, a “Campanha 16 Dias de Ativismo”, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo mobilizar pessoas e organizações para o engajamento na prevenção e no fim da violência de gênero. Confira as atividades que estão sendo realizadas no final do texto.

No Brasil, a campanha começa mais cedo, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, englobando a violência racial, já que as mulheres negras são as maiores vítimas de violência no país. A CUT integra a campanha no Brasil.

Leia mais: Campanha 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher começa em 20/11

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2021, mostram que o Brasil registrou 1.319 casos de feminicídio, além de 56.098 estupros contra vítimas do gênero feminino, incluindo vulneráveis.

E a violência contra a mulher não é apenas a física. Envolve questões sexuais, psicológicas, patrimoniais e morais. Os casos se referem a todos os tipos de ameaças, chantagens, privação de liberdade, controle da vida financeira, exposição da vida íntima das mulheres, entre várias outras condutas que causam danos graves às vítimas.

A data

O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, em homenagem às três irmãs ativistas políticas Minerva, Patria e María Teresa, assassinadas em 25 de novembro de 1960 pelo ditador Rafael Leónidas Trujillo, então presidente da República Dominicana.

Elas foram enforcadas e depois espancadas para que quando o veículo fosse jogado no precipício a morte parecesse resultado de um acidente de carro.

É nesta data que ganha ainda mais destaque a necessidade de que os casos de violência contra a mulher sejam denunciados. A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) é um serviço criado para o enfrentamento da violência contra a mulher.

Além dos registros de denúncias, o Ligue 180 também oferece orientações às vítimas, e presta informações sobre direitos, leis e a rede de atendimento e acolhimento para mulheres em situação de vulnerabilidade.

Também é possível fazer denúncia diretamente nas Delegacia da Mulher de cada cidade ou acionar a Polícia Militar pelo disque 190. É importante ainda que toda a sociedade não se cale diante de casos precisados, sejam na família, no círculo de amigos e conhecidos e até mesmo na vizinhança. Ao menor sinal de violência, o c aso deve ser levado às autoridades.

Atividades

Vários atos estão sendo realizados neste dia como foram de reforçar a campanha.

Em Brasília, a CUT-DF fará entrega de panfletos e dialogará com a população na Rodoviária do Plano Piloto, a partir das 16h30. O objetivo expor os diversos tipos de violência sofridos pelas mulheres e sobre a importância da participação da sociedade para erradicar essa forma opressão.

Em Manaus (AM), haverá uma caminhada saindo da Praça do Congresso Centro até a Praça da Matriz, a partir das 16h.

Com o tema “Pela vida das Mulheres: Por um Brasil sem machismo, sem racismo, democrático e soberano”, a CUT Ceará realizou na manhã desta sexta-feira uma oficina para celebrar a data, na sede da Central, em Fortaleza.

Também na capital cearense, nesta sexta-feira, na Casa da Mulher Brasileira, será realizada uma atividade que contará com parlamentares e atrações culturais para debater a violência política de gênero no Brasil, atualmente.

Já na próxima quarta-feira (30), às 19h, o Coletivo de Mulheres da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS) promove a live “Metalúrgicas erguem a voz contra a violência!”, que será transmitida pelo Facebook da Federação no Facebook.

Mulheres jornalistas

Nos últimos quatro anos, os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) à imprensa têm na figura das mulheres seus principais alvos. A lista das profissionais é extensa e inclui Vera Magalhães, ainda durante um debate entre candidatos à presidência na Band, este ano; a jornalista Amanda Klein da Joven Pan; Daniela Lima, da CNN; Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo em São José dos Campos (SP), entre tantas outras ao longo dos anos.

Bolsonaro chegou a fazer uma insinuação de cunho sexual ao se referir à jornalista Patrícia Campos Mello, caso pelo qual foi processado por ela e condenado a pagar indenização e R$ 35 mil.

"Ela queria um furo. Ela queria dar o furo", disse Bolsonaro à época após uma série de reportagens da jornalista que revelaram disparos em massa de fake news pelo WhatsApp em benefício do presidente ainda quando era candidato em 2018.

Mas as jornalistas são alvos não somente do presidente. De acordo com dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), no exercício da profissão, quase uma em cada duas mulheres já sofreu assédio sexual, abuso psicológico, ofensas por redes sociais e outras formas de violência de gênero enquanto trabalhava.

De acordo com o posicionamento da entidade, esses atos de violência não visam apenas intimidar e silenciar as mulheres na mídia. Seus efeitos contribuem também para ‘matar histórias e privar o público de informações, minando assim o pluralismo e o direito de acesso à informação’.

Como parte das atividades dos 21 dias de ativismo, a Fenaj, em conjunto com a federação Internacional de Jornalistas (FIJ) reforça a campanha #YouAreNotAlone sob o título "Online Assédio : Precisamos Falar".

“É hora da mídia e dos sindicatos denunciarem TODOS os atos de abuso online publicamente. É urgente que os legisladores façam do abuso online uma questão de saúde e segurança. Isso pode ser feito pelos governos implementando a Convenção 190 da OIT sobre assédio e violência no mundo do trabalho com urgência. Os empregadores de mídia têm o dever de garantir um local de trabalho seguro e fornecer um mecanismo sólido para que as mulheres se manifestem e sejam protegidas quando sujeitas a abuso online. Nenhuma mulher jornalista deveria enfrentar abuso online. E ninguém deve enfrentá-lo sozinho,  diz nota publicada pela entidade.

A Fenaj integra o Comitê Diretor do Conselho de Gênero da FIJ, um importante instrumento para orientar os projetos e políticas da federação sobre o tema.