MENU

Maior paralisação da Argentina nos últimos anos fortalece greve geral no Brasil

Paralisação no país vizinho teve adesão de várias categorias e mostrou descontentamento dos argentinos com o governo Macri que, assim como no Brasil, ataca direitos e prioriza o capital

Publicado: 31 Maio, 2019 - 17h59 | Última modificação: 13 Junho, 2019 - 17h12

Escrito por: Andre Accarini

fonte: Twitter @Edgardotlsur
notice

A Argentina viveu a sua maior paralisação, na história recente do país, contra o governo de Maurício Macri. A greve geral, na última quarta-feira (29), foi a quinta realizada pelo movimento sindical do país contra o atual presidente, e teve a adesão de diversas categorias de trabalhadores como os da indústria, prestação de serviços e transportes.

Segundo reportagem do jornal espanhol El País, bancos, escolas e o comércio ficaram fechados. Atendimentos em hospitais ficaram restritos a emergências. As três centrais sindicais argentinas, que organizaram a mobilização junto com movimentos sociais, ganharam o apoio, inclusive, de pequenas e médias empresas.

O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo de Camargo, explica que a Argentina vinha de um processo de conquistas proporcionadas por governos democrático-populares até a eleição de Macri, que no lugar de políticas econômicas efetivas para fazer o país crescer, deu início ao desmonte do que havia sido construído ao longo de anos para os trabalhadores.

A política econômica do presidente argentino resultou em estagnação, níveis elevados de inflação, diminuição do poder de compra e uma taxa de juros que hoje passa os 74%. “Isso inviabiliza manter a atividades das pequenas e médias empresas, que são responsáveis por 80% do emprego no país”, ressalta Ariovaldo.

O país está mergulhado em uma recessão que já dura mais de dois anos e tem recorrido ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para saldar suas obrigações. O resultado vem com sanções econômicas que penalizam os trabalhadores, não resolvem problemas sociais e priorizam o capital.

Esse cenário fez com que os argentinos, mais uma vez, mostrassem seu descontentamento com o governo. “Diante de todas essas situações, com o país dilacerado, a classe trabalhadora submetida a agressões dos ajustes econômicos, o argentino percebeu: assim como no Brasil de Bolsonaro, o governo de Mauricio Macri não tem como prioridade a classe trabalhadora”, afirma o dirigente.

Segundo Ariovaldo, os trabalhadores querem o fim dessa onda de ataques e de desrespeito.

“A Argentina teve um crescimento no número de desempregados e de indigentes. A miséria aumentou no país e o movimento sindical de lá está convencendo a sociedade de que é preciso um basta”, diz.

O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT descreve que o cenário de forças políticas está se transformando graças ao desastre neoliberal de Macri, o que abre caminho para que um novo governo,com olhar democrático, seja eleito em outubro deste ano.

A reportagem do El Pais confirma que a pressão sofrida pelo presidente argentino tem feito cair sua popularidade, provocando reclamações até mesmo na base aliada do governo.

Brasil e Argentina irmanados

Assim como na Argentina, as mobilizações populares contra o governo vêm crescendo no Brasil, que se prepara para uma grande greve geral, no dia 14 de junho, chamada pelas CUT, centrais sindicais e movimentos sociais.

Nós vamos, a exemplo dos argentinos, e fortalecidos pelo que já foi construído nos dias 15 e 30 de maio, quando milhões de brasileiros foram às ruas em defesa da educação e contra a reforma da Previdência, fazer a maior greve geral do país porque os ataques aqui também são os maiores da história
- Ariovaldo de Camargo


O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT cita o envolvimento de diversas categorias na preparação para a greve no Brasil e o apoio de outros segmentos como os estudantes. Segundo ele, as categorias unidas “certamente mandarão o recado de que sem diálogo, atacando direitos e com políticas repressivas a sindicatos e movimentos sociais, Bolsonaro não vai resolver os problemas do Brasil”.

Ainda de acordo com o dirigente, o Brasil precisa de crescimento econômico e os números do desemprego e da retração do Produto Interno Bruto (PIB), indicam que Bolsonaro não teve a menor capacidade de governar até agora.

Ariovaldo avisa: “Ou tem direitos, retomada de investimentos em educação e mais emprego ou os brasileiros vão continuar nas ruas. E não será a única greve geral porque se ele insistir na reforma da Previdência, outras greves virão”.