Escrito por: Érica Aragão
Análise do Mapa da Greve Geral de 14 de junho contra a reforma da Previdência revela ainda que mais de 57% da população é contra a proposta de Bolsonaro
Uma análise detalhada do Mapa da Greve Geral contra a reforma da Previdência, realizada no dia 14 de junho, revela que 57% dos trabalhadores e trabalhadoras do país estão insatisfeitos com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019 do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que restringe ou dificulta a concessão de benefícios previdenciários. Os brasileiros também são contra os cortes de investimentos na educação
De acordo com o levantamento, feito pelo Armazém Memória e Comissão Justiça e Paz de SP, que produziu o Mapa com apoio da CUT Brasil e UNE, mais de 117 milhões de trabalhadoras, trabalhadores, estudantes e a sociedade brasileira em geral participaram ou foram impactadas pela paralisação nacional.
Ainda segundo a análise dos dados, os maiores percentuais de participação na greve foram constatados em cidades com mais de 500 mil habitantes (100%), com mais de 200 mil habitantes (91,16%) e com mais de 70 mil habitantes (66,52%).
Em nenhum município do país teve reação contrária à greve geral convocada pela CUT e demais centrais sindicais, o que indica que o povo está consciente de que a reforma significa retirada de direitos da classe trabalhadora e esses deputados que estão votando a favor do governo podem não se reeleger nas próximas eleições, avalia Marcelo Zelic, coordenador do Armazém Memória e membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
Segundo ele, os dados são robustos e em sentido contrário ao resultado da pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira, dia 9, segundo a qual quase metade dos brasileiros é favorável a reforma da Previdência de Bolsonaro.
“A gente tem um real silenciamento e falta de comprometimento da mídia comercial com a sociedade. Eles têm trabalhado pela aprovação da reforma a qualquer custo e não mostraram de fato a grandeza da greve geral contra a proposta”, enfatiza Marcelo.
“Quando você vê municípios com menos de cinco mil habitantes em que os garis paralisaram seus trabalhos e sentaram na praça da cidade com apoio da sociedade, você percebe que de alguma forma a população local foi impactada e, no mínimo, tem empatia com a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras”, pontuou o coordenador Armazém Memória e membro da Comissão Justiça e Paz de SP.
O Mapa
No fim do dia 14 de junho, quando aconteceu a greve geral da classe trabalhadora, a mídia alternativa e a comercial divulgaram números da greve geral sem a consolidação do mapeamento, produzido pelo Armazém Memória e Comissão Justiça e Paz de SP, com apoio da CUT e UNE.
“Tivemos que fazer um trabalho intenso pós-greve e, preocupados com a credibilidade das informações, fizemos questão de colocar fontes [sindicatos, federações e confederações da CUT, UNE e portais de notícias da região ligados a grupos como o grupo Globo, G1 e outros] de todos os números citados pelo mapa”, afirmou Marcelo Zelic, que complementou: “Além disso, a conta é feita com base na população dos municípios, e por isso demoramos um pouco para mostrar os resultados consolidados”.
De forma unitária e compartilhada, as entidades responsáveis pela ferramenta mapearam as cidades que iam aderir à paralisação e no dia da greve levantaram os municípios que tiveram atividades e depois foi inseriram imagens e fontes das informações publicadas no mapa.
“A ideia do mapa surgiu depois que a gente percebeu que a mídia estava dando ênfase na quantidade de pessoas e não na pauta em si. Fora, que quando mostravam as nossas manifestações sempre davam um número de municípios inferior do que realmente era”.
Legenda do mapa
Em preto são as cidades que divulgaram que ia ter atividades no dia 14 de junho e em vermelho estão os municípios que participaram de algumas delas, com link da fonte da informação.