Mais de 50% dos brasileiros são contra privatizações, mas governo insiste em vender
Os mais contrários (66%) são os que têm entre 25 e 44 anos, os nordestinos (65%) e a oposição ao governo Bolsonaro (69%)
Publicado: 27 Setembro, 2021 - 13h23 | Última modificação: 27 Setembro, 2021 - 13h35
Escrito por: Redação CUT
A maioria da população brasileira (53%) é contra a venda das empresas estatais, segundo pesquisa PoderData, mas o governo segue querendo entregar o patrimônio público à iniciativa privada, afirma a campanha Salve seus Dados, criada trabalhadores voluntários da Dataprev e Serpro para alertar sobre os riscos das privatizações para o Brasil e para os brasileiros.
Ainda de acordo com a pesquisa, outros 25% dos entrevistados dizem que o certo é vender apenas parte das companhias e 16% falam em vender todas. Os que não souberam opu não quiseram responder somaram 6%.
No recorte por faixa etária, os brasileiros com idades entre 25 e 44 anos são os mais contrários a venda do patrimônio público. Nessa faixa etária, 66% dos entrevistados disseram que o Estado deve continuar dono de todas as estatais.
A maioria dos nordestinos (65%) e da oposição (69%) é contra as privatizações
Já entre os moradores do Sul, 26% concordam com a venda de todas as empresas. E entre os que consideram o presidente “ótimo” ou “bom”, 37% avaliam que o governo deve vender parte das estatais; outros 21% do grupo querem que todas sejam liquidadas.
Os dados da pesquisa são reflexos da luta da sociedade civil mobilizada e também de campanhas de esclarecimento à população como as que são feitas pelo #SalveSeusDados, Federação Única dos Petroleiros (FUP), sindicatos, federações e confederações dos trabalhadores do Banco do Brasil, Caixa e Correios, entre outros.
Em texto publicado no Congresso em Foco, a campanha Salve seus Dados alerta que, apesar das pesquisas indicarem que a maioria da população é contra e mesmo sem estudos aprofundados sobre diversas destas privatizações, o governo segue com o projeto de vender o patrimônio público à iniciativa privada.
E é a luta de setores da sociedade e da justiça que tem conseguido barrar, ou ao menos atrasar, algumas das desestatizações - termo técnico utilizado pelo governo em seus programas nacionais dedicados ao tema, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e o Programa Nacional de Desestatização (PND) diz o texto.
O exemplo mais recente dessa intervenção do judiciário em favor da população foi o adiamento da liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na ação, o TCU deu 60 dias para o Ministério da Economia apresentar novos argumentos que justifiquem a extinção da estatal de chips.
No mesmo sentido, outras situações recentes também colaboraram com o adiamento do planejamento de desestatização de outras empresas de tecnologia do Estado, como é o caso da Dataprev e do Serpro.
Após audiência pública realizada na Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, e uma nota técnica do Ministério Público Federal, o governo acrescentou mais tempo aos estudos para a privatização das duas maiores empresas estatais de tecnologia da informação do Brasil.
Esse adiamento, contudo, não significa que os planos de privatizar a Dataprev e o Serpro foram abandonados. Ao contrário, com estudos mais extensos realizados pelos que desejam a privatização, o questionamento a elas pode se tornar ainda mais difícil, mesmo que seja feito com base em dados e a preocupação com a sociedade.
Ainda que o Brasil venha adotando o caminho contrário ao resto do mundo, principalmente aos países mais desenvolvidos, como o Japão, que está criando uma estatal de tecnologia da informação para atender melhor à população do País.
A sociedade está atenta, como mostra a pesquisa.
Enquanto candidatos e candidatas à presidência da República incluem esse debate em suas campanhas eleitorais, nem sempre observam a importância dessas estatais para o País. Nesse sentido, agora é a melhor época para a população pressionar com mais efetividade para que os planos de governo não descuidem da privacidade e da segurança dos dados empresariais, pessoais e do Brasil.