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No DF, polícia atira de modo covarde e acerta olho de idoso

Tropa de Choque ataca covardemente moradores, atingindo olho de um idoso.

Publicado: 30 Abril, 2017 - 19h01 | Última modificação: 04 Maio, 2017 - 16h29

Escrito por: Juliana Medeiros, especial para Jornalistas Livres

Reprodução
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Na manhã desta sexta-feira, 28, na rodovia DF-140 em Brasília, próximo à divisa com o estado de Goiás, moradores foram covardemente atacados pela Tropa de Choque da PM (Patamo/DF). Um senhor foi alvejado no olho por uma bala de borracha, diante da barricada, quando resistia ao avanço da Tropa sobre o protesto da Greve Geral.

Sangrando muito, foi socorrido pelos Bombeiros em uma óbvia desigualdade de forças. Wellington, um dos moradores que tentava socorrê-lo gritava: “A gente está pedindo paz, segurança”. “A gente paga o salário de vocês e vocês vêm aqui e machucam o cidadão!”, protestou. A região é muito carente.

As trabalhadoras e trabalhadores queimavam pneus para fechar a rodovia em ambos os lados. A interdição durou mais de 4 horas. Aílton de Souza, um dos organizadores do protesto, contou à reportagem que foi se manifestar por causa da situação de carência de serviços básicos na região onde vive. “Aproveitamos essa greve geral para pedir mais segurança, só essa semana foram quatro homicídios aqui na região”, explica Aílton.

Poucos minutos depois depois, chegaram duas viaturas da PM Rural e tentaram negociar a saída dos moradores, mas estes se mantiveram irredutíveis. Durante a negociação, os organizadores disseram que aguardariam a chegada da Tropa de Choque – que já havia sido chamada – para negociar a saída com o comandante, mas não houve negociação.

Por volta de 10h da manhã, com uma fila de veículos que já chegava a quase 5 km de cada lado, cerca de 6 viaturas da Tropa de Choque chegaram ao local. Os policiais, imediatamente, saíram dos carros de arma em punho com seus escudos, se posicionaram na frente da barreira e abriram fogo contra a população.

Bombas de gás lacrimogênio e tiros de balas de borracha foram disparados e obrigaram todos a correr. Homens, mulheres, crianças, idosos. No entanto, um senhor, Edmilson, que tentava sozinho atrás da barreira pedir para que os policiais parassem de atirar, foi atingido no olho direito e caiu no chão.

Mesmo assim os policiais continuaram atirando e só pararam quando alguns moradores se aproximaram gritando, pedindo para que parassem e pudessem socorrer o senhor. Carregaram-no quase inconsciente para o outro lado da barreira, onde estavam as ambulâncias do Corpo de Bombeiros.

A ação desproporcional da PM revoltou os moradores. O tiro com a arma “menos letal”, deixou uma poça de sangue na rodovia onde, ironicamente, os moradores pediam por mais segurança. Um deles, gritava ao lado do corpo atingido do companheiro que a manifestação também é por eles (policiais), por mais direitos, e concluiu: “a gente pede que vocês venham aqui, proteger a gente e vocês fazem isso?”.

Durante o atendimento, deitado no asfalto da DF 140, Edmilson teve de repente um acesso de fúria, levantou-se e caminhou em direção às viaturas da Tropa de Choque, com sangue do olho atingido correndo pela camisa, aos gritos: “covardes! vocês são covardes!”. Enquanto amigos tentavam contê-lo, o PM que estava à frente dizia: “segurem ele, é melhor para ele que vocês segurem ele aí”.

Um dos casos ocorridos na área esta semana foi o assassinato de uma jovem, de 27 anos, morta em um assalto no caminho para o ponto de ônibus, quando saía para trabalhar.