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Mala com suspeita de bomba na comissão suspende votação do Pacote do Veneno

Reunião ordinária foi interrompida pouco antes das 13h desta quarta. Mais uma vez, pacote que afrouxa as regras para registro, produção, comercialização e uso de agrotóxicos não chegou a ser votado

Publicado: 20 Junho, 2018 - 15h44

Escrito por: Redação RBA

Reprodução
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A deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidenta da comissão especial que analisa mudanças propostas para afrouxar as regras para toda a cadeia dos agrotóxicos para aumentar ainda mais seu consumo, suspendeu a reunião ordinária do início da tarde de hoje (20). O motivo, segundo ela, foi precaução: uma bolsa, que teria sido deixada na sala onde era realizada a reunião, por volta das 11h, foi considerada suspeita de conter aparato explosivo.

A suspensão foi anunciada logo após intervenção do deputado Patrus Ananias (PT-MG), na qual chamou de "humanicida" os agrotóxicos. "Não é pesticida", disse, referindo-se ao termo defendido por Luiz Nishimori (PR-PR) em seu relatório. "É 'humanicida', porque mata pessoas também. Temos aqui entre as empresas interessadas a Bayer, que produz medicamentos, mas quer produzir ainda mais agrotóxicos para vender mais remédios. Colegas parlamentares, é uma questão de vida o que discutimos aqui. É um projeto de morte."

Conhecido como Pacote do Veneno, o Projeto de Lei 6.299/02, de autoria do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), aprovado no Senado, e outros 27 projetos apensados, está para ser votado na comissão especial formada em sua maioria por ruralistas desde maio. Apesar do predomínio de representantes do agronegócio na comissão, inclusive ocupando a presidência, duas das três vice-presidências e a relatoria, é grande a dificuldade para colocar a proposta em votação.

Os defensores do Pacote do Veneno não têm argumentos consistentes. Repetem o discurso de que o país precisa se modernizar e que quem é contra a aprovação da proposta "é contra o Brasil". Eles também enaltecem a participação do agronegócio na pauta de exportações do país sobretudo nos dois últimos anos, mas não falam que o setor industrial reduziu drasticamente a sua participação. Tampouco falam dos benefícios fiscais de que usufruem.

A propalada importância do agronegócio para o Brasil, que para eles seria suficiente para dar ao setor todo o poder de decisão sobre a cadeia dos agrotóxicos, é um argumento a mais na extensa lista da oposição.

"Aqui se afirma tanto a pujança do setor. Uma pujança possível com a atual lei que temos, que não precisou dessa nova lei que se discute aqui. E o mundo já produz alimentos suficientes para alimentar a população. Se há fome, o problema é de distribuição do alimento, conforme afirma a FAO/ONU", disse o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). "Aqui se fala tanto em modernidade. É moderno aumentar o uso de substâncias que, segundo alertam entidades sérias, e a própria ONU, causam câncer, malformações e até puberdade precoce em bebês?", questionou.