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Mandante da morte de extrativistas pega 60 anos de cadeia

Justiça do Pará condena fazendeiro que está foragido há mais de um ano

Publicado: 07 Dezembro, 2016 - 11h01

Escrito por: CUT-PA - Fátima Gonçalves

Bruno Leão
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O fazendeiro José Rodrigues Moreira, mandante do assassinato dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foi condenado a 60 anos de prisão. O julgamento começou às oito horas dessa terça-feira (6) e a sentença foi proferida no final da tarde, para o alívio da família e de representantes de movimentos sociais que aguardavam o resultado tanto no interior do tribunal quanto no acampamento montado em frente ao Tribunal de Justiça do Pará, na Praça Felipe Patroni, em Belém.

José Rodrigues foi julgado à revelia, pois está foragido há mais de um ano. Ele escapou tão logo o primeiro julgamento, realizado em 2013, ter sido anulado e sua prisão preventiva decretada. O crime ocorreu em maio de 2011 quando o casal sofreu uma emboscada quando seguia de moto para sua casa, no assentamento Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste paraense, a 390 quilômetros da capital. Os dois pistoleiros se esconderam na mata e, além de atirarem, ainda cortaram a orelha de José Cláudio.

Os jurados consideraram que o fazendeiro foi coautor das duas mortes.   O juiz Raimundo Moisés Alves também negou ao condenado o direito de recorrer da sentença em liberdade, o que significa que o decreto de prisão em regime fechado está mantido. Agora, a luta é para localizá-lo.

O advogado de defesa, Erivaldo Santos, procurou criminalizar os dois ambientalistas, os defensores dos direitos humanos e os movimentos sociais que lutam pelo uso sustentável da floresta. O deputado estadual, Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará, acompanhou o julgamento e lamentou: “ Isso é um sinal de alerta, quando vemos essas pessoas sendo criminalizadas, quando deveria ser o contrário. Eles deveriam ser entendidos como parceiros na luta por uma sociedade mais justa e solidária”.

Os promotores do Ministério Público explicaram aos jurados que José Rodrigues adquiriu ilegalmente lotes no assentamento porque visava derrubar a mata para vender madeira. Ele agiu violentamente para expulsar três famílias que já moravam no local. José Cláudio e Maria denunciaram o ocorrido para a imprensa e entidades ligadas ao meio ambiente e direitos humanos. Por isso, passaram a ser ainda mais ameaçados.

Das cinco testemunhas previstas para participar do júri, apenas uma apareceu, o colono Francisco Silva que tinha um lote de terra na área ocupada por José Rodrigues.

O primeiro julgamento do fazendeiro ocorreu em 2013, no município de Marabá, no sudeste paraense, quando o réu foi absolvido. A sentença, entretanto, foi anulada por decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e o caso foi desaforado para Belém. Naquele julgamento apenas os dois pistoleiros foram condenados: Lindonjohnson Silva Rocha, irmão do fazendeiro, a 43 anos de prisão e Alberto Nascimento a 42 anos. Lindonjohnson fugiu do presídio de Marabá em novembro do ano passado e o outro pistoleiro cumpre pena no hospital de custódia e tratamento psquiátrico, em Santa Izabel, nordeste do Pará.