Escrito por: CUT Nacional
Repressão policial impediu militantes de entrarem no local da atividade e audiência foi encerrada antes do tempo previsto
A realização de uma audiência pública que debatia protocolarmente a privatização da Cepisa – Eletrobras Distribuição Piauí terminou em confusão e truculência policial em Teresina, na tarde desta quarta-feira (28).
Três trabalhadores da Cepisa foram algemados e policiais bloquearam o acesso de manifestantes ao local onde estava ocorrendo a audiência. Alguns militantes saíram com pequenas escoriações devido à forma agressiva como a polícia tratou a situação, segundo o presidente da CUT-PI, Paulo Bezerra.
Para o dirigente, essa violência contra os trabalhadores é um reflexo claro da intervenção militar no Rio de Janeiro, onde crianças estão tendo mochilas revistadas e moradores das comunidades estão sendo fichados por soldados. “No Piauí não está sendo diferente! Os militares estão se sentindo fortalecidos com essa responsabilidade de administrar a segurança pública de um estado”.
“Isso também é um reflexo negativo do que ocorre em todo o país, especialmente em relação às organizações sindicais e movimentos sociais, que estão sendo reprimidas com mais veemência, grosseria e truculência”, desabafou o dirigente.
O governo federal está promovendo agendas como a audiência de ontem em Teresina, de forma burocrática, apenas para “constar no papel”, diz Paulo Bezerra.
“É uma forma que o governo golpista tem para ‘comprovar’ que a sociedade foi convocada a participar do processo e dizer que a privatização traz benefícios e o fornecimento de energia vai ficar mais qualificado, tudo ao contrário do que realmente é”.
O diretor do sindicato dos Urbanitários, Claudio Fontele, disse à imprensa local que entende que há “uma baita ilegalidade porque tem de divulgar essas audiências nos meios de comunicação, fazer com que todos os representantes da sociedade civil organizada participem e apresentem argumentos”.
O presidente da CUT lembrou, ainda, que a Eletrobrás do Piauí foi avaliada em cinco milhões de reais e está sendo colocada a leilão pelo valor mínimo de R$ 50 mil. “Nós estamos buscando todas as formas possíveis para adiar esse processo de desestatização, para explicar à população dos riscos que é a privatização do setor e as razões de a empresa estar sendo vendida a preço de banana”, reforçou.
Ele ressaltou que os investimentos e as melhorias no setor energético feitos nos governos Lula e Dilma tiveram um caráter social e não lucrativo. “Aqui no Piauí e em todo o Nordeste recebemos energia em lugares muito distantes, afastados mesmo, e os privatistas não estão trazendo nenhum avanço social na área porque eles têm interesse é no lucro”.
Bezerra afirmou que, enquanto a CUT existir, toda a luta para combater a privatização será feita, especialmente quando se trata da Eletrobrás e outras estatais que estiverem na mira, como a Petrobrás e a Caixa. “Aqui no estado do Piauí nós tivemos uma expansão muito grande no fornecimento de energia, onde jamais a gente sonharia que tivesse e que a energia chegasse nos lugares que chegou. Não desistiremos nunca!”, concluiu.