Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para a CUT

Manifestações contra prisão política de Lula acontecem em vários países

Militantes articulam um dia de paralisação global nas embaixadas do Brasil para denunciar a condenação arbitrária de Lula e o ataque à Democracia. No México, já teve ato na tarde deste domingo (8)

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Manifestantes se reúnem na Praça da República, em Paris, na França

Assim que o ex-presidente Lula anunciou neste sábado (7), em São Bernardo do Campo, que havia decidido cumprir a determinação de prisão dada pela primeira instância da Justiça do Paraná, atos de desagravo ao julgamento político da maior liderança de esquerda viva da América Latina, condenada sem provas, começaram a surgir em vários países.

O secretário nacional de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, disse que a Central já recebeu dezenas de manifestações de apoio por meio de vídeos, cartas e mensagens. Segundo ele, está sendo organizado um dia global de atividades nas Embaixadas do Brasil, que deve acontecer concomitantemente no mundo inteiro. A data deverá ser marcada ao longo da semana devido ao fuso horário de cada país. Lisboa disse que o número de apoio já é impressionante.

“De imediato existe essa proposta da Confederação Sindical Internacional (CSI) de fazer um dia de ação global pela liberdade de Lula, ao mesmo tempo em que muitas pessoas estão querendo vir ao Brasil prestar irrestrito apoio e solidariedade ao nosso ex-presidente porque sabem que Lula é inocente e está sofrendo uma perseguição política”, destacou Lisboa.

Confira a mensagem enviada pela secretária-geral da CSI, Sharan Burrow:

A representante do Colectivo México-Brasil contra El golpe, Márcia Sarquis, disse com exclusividade ao Portal da CUT que esse golpe não é só contra o Lula, mas contra os avanços da América Latina e todas as conquistas que os governos progressistas estavam conseguindo. Segundo a produtora, que mora há cinco anos na Cidade do México, Lula é um dos principais líderes ainda vivo e por isso está sofrendo na pele essa fúria do capitalismo.

“Consideramos que nossa militância internacional tem a importância de fortalecer a musculatura da esquerda do Brasil porque até então sempre fomos referência de movimento político, sindical e de governo progressista para vários países do mundo, e também para levantar debates dentro de cada país, principalmente da América Latina, como é o caso do México, onde existem questões muito semelhantes que estão acontecendo no Brasil”.

Os coletivos internacionais contra o impeachment se formaram em 2016 de maneira espontânea em vários países para mostrar ao mundo que o Brasil estava sofrendo um golpe de Estado. Segundo explicou Sarquis, a principal função dos coletivos é informar a imprensa internacional dos fatos reais e fomentar as mídias progressistas com imagens e notícias que acontecem nos países em que moram.

As agendas de protestos e manifestações são divulgadas por meio do site da Frente Internacional Brasileiros Contra o Golpe, – FIBRA.

ReproduçãoManifestantes realizam ato na Cidade do México em defesa da democracia e Lula livreManifestação na Cidade do México, neste domingo, em defesa de Lula e contra decisão do juiz Sergio Moro, a quem chamar de golpista

Em Barcelona, na Espanha, também teve ato contra a prisão política de Lula. Na próxima terça-feira (10), em frente à Embaixada do Brasil em Madrid, estão sendo chamadas manifestações para denunciar a condenação de Lula e pela democracia.

ReproduçãoManifestação em Barcelona, na Espanha, neste domingo (7), em defesa de Lula e pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito

Na França os manifestantes também foram para as ruas na manhã deste domingo, pelo horário de Brasília. Eles se reuniram em um simbólico e representativo ato na Praça da República, em Paris. Luis Dulci, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula e atual assessor do ex-presidente, esteve presente na manifestação em Paris.

ReproduçãoLuis Dulci discursa em ato na Praça da República, em Paris

Lideranças mundias de esquerda se manifestam
O líder do movimento francês de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, falou da prisão do ex-presidente Lula em um discurso que está circulando desde ontem nas redes sociais. Ele disse que o ex-presidente foi vítima de um "golpe judicial" por meio da Operação Lava Jato. Mélenchon chamou Lula de camarada e pediu que ele aguente firme a pressão a que vem sendo submetido.

"Nossa corrente, que se diz derrotada e perdida, foi golpeada duramente, especialmente na América Latina, onde você está vendo agora um golpe judicial contra Lula", denunciou o dirigente, e completou: "Quando eles não conseguem eliminar um candidato, eles botam na cadeia".

Também por meio das redes sociais a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, se manifestou contra a prisão de Lula e afirmou que ele vencerá as próximas eleições no Brasil, previstas para ocorrer em outubro deste ano. Além da senadora argentina, líderes da América Latina reagiram quando o Supremo Tribunal Federal negou pedido de habeas corpus a Lula.

Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Nicolás Maduro; e os ex-presidentes Pepe Mujica (2010-2015), do Uruguai e Ricardo Lagos (2000-2006), do Chile, reagiram contra a decisão.

A Comissão União Europeia-Mercosul também condenou a ordem de prisão ao ex-presidente e voltou a pedir a suspensão das negociações entre os blocos, até que a democracia seja  restabelecida no Brasil.

No mesmo dia em que a sentença foi proferida, na quinta-feira (5) passada, brasileiros que moram no exterior começaram a organizar os protestos. Em Buenos Aires, capital da Argentina, centenas de militantes de partidos de esquerda prestaram Os manifestantes aproveitaram a ocasião para criticar o governo neoliberal de Maurício Macri que, assim como o governo do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB), também está destruindo direitos conquistados pelo povo argentino.

Desde que começou a ser perseguido pelo Poder Judiciário brasileiro, o ex-presidente Lula recebeu manifestações de solidariedade de diversas partes do mundo. Na Caravana de Lula pelo Sul, por exemplo, o ex-presidente realizou debate público com o também ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, que mostrou preocupação com a insistência em que as instituições brasileiras perseguem Lula.