Escrito por: Redação RBA

Manifestantes são presos por faixa ‘Bolsonaro genocida’ em protesto

Manifestantes são presos por faixa ‘Bolsonaro genocida’ em protesto

Reprodução

Quatro manifestantes foram presos pela Polícia Militar do Distrito Federal por abrirem uma faixa com a frase “Bolsonaro genocida” na Esplanada dos Ministérios, na manhã desta quinta-feira (18). A faixa continha ainda uma suástica nazista. Segundo a polícia, eles foram levados por infringirem a Lei de Segurança Nacional (LSN).

Entre os detidos, estão os responsáveis pelo canal do YouTube Botando Pilha, inclusive o criador do site, o ativista Rodrigo Pilha. Erico Grassi, irmão de Rodrigo, disse que os manifestantes foram levados à Superintendência da PF. Ao chegarem ao local, tiveram apoio de parlamentares do PT. “Estamos num Estado de exceção já. Precisamos ficar atentos e alertas, sem ninguém soltando a mão de ninguém”, lamentou Erico.

A prisão dos ativistas foi bastante criticada. Natalia Bonavides, deputada federal pelo Psol-RN, disse que a Polícia Federal está usando a LSN “para perseguir e prender opositores e manifestantes do presidente Jair Bolsonaro”. A deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o partido acionou os advogado para acompanha-los na Polícia Federal.

O professor de Direito da Universidade de São Paulo (USP) Conrado Hubner classificou a ação como “milicartismo”, numa referência ao regime de repressão a comunistas que vigorou nos Estados Unidos, nos anos 1950, auge da Guerra Fria. “Militantes do PT são presos por faixa contra Bolsonaro e enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Está nas mãos de Gilmar Mendes, na ADPF 799, interromper essa violência diária. Um genocida está presidente”, disse, citando a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental que questiona a constitucionalidade da LSN.

LSN usada contra opositores

O uso da Lei de Segurança Nacional para calar opositores do presidente Bolsonaro começou a repercutir nesta semana. Na última segunda-feira (15), o youtuber Felipe Neto foi intimado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para prestar declarações por ter supostamente cometido crime previsto na LSN e também de calúnia.

Redigida durante a ditadura civil- militar, em 1983, a LSN lista crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social. Segue em vigor até hoje, e havia sido pontualmente utilizada desde a redemocratização. No entanto, a partir de 2020, a lei começou a ser evocada com uma constância que até então não havia sido observada.

Nesta quinta-feira, a juíza Gisele Guida, da 38ª Vara Criminal do Rio, suspendeu a investigação feita a pedido de Carlos Bolsonaro contra Felipe Neto. A magistrada reconheceu a ilegalidade da instauração do procedimento criminal e determinou a imediata suspensão da investigação.