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Marcha e debates marcam abertura do FSM2018

Fórum Social Mundial, em Salvador, deve atrair a presença de 60 mil pessoas de 120 países, para debater e definir estratégias frente ao modelo desenvolvimentista

Publicado: 13 Março, 2018 - 19h04 | Última modificação: 13 Março, 2018 - 19h13

Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

CUT
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Com mesas de debates e uma marcha de abertura pelas ruas de Salvador, Bahia, representantes do Movimento Negro da Bahia, de entidades religiosas de matriz africana, universitários, estudantes secundaristas, sindicalistas da  CUT e da CTB, deram início nesta terça-feira (13), ao Fórum Social Mundial (FSM2018). 

O secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional, Antônio Lisboa, disse que tamanha representatividade dos movimentos sociais e sindical é um sinal de que a resistência aos ataques dos golpistas que usurparam o poder se intensificará a cada dia. “O significado deste Fórum é forte diante da situação de retrocesso, dos ataques aos direitos humanos, sociais, trabalhistas, aos quilombolas, às mulheres, aos indígenas e ao estado democrático”.  

“Estamos passando por um estado de exceção, por um golpe. Por isso, o Fórum tem um significado de resistência para a luta que temos de desempenhar no país neste momento”, disse o dirigente.

E esse momento de exceção porque passa o país foi duramente criticado pelos participantes da marcha, que saiu do bairro Campo Grande em direção a Praça Castro Alves, um percurso de dois quilômetros. Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), contra o neoliberalismo econômico instalado por ele no país e em favor do direito do ex-presidente Lula ser candidato nas próximas eleições.

Para a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmen Foro, o debate sobre as saídas nas questões do trabalho e da democracia é a missão da CUT e a presença da Central fará toda a diferença nos debates no Fórum Social Mundial 2018.

“Esperamos sair daqui mais fortes e com maior resistência para debater, no Brasil e lá fora, a necessidade de ter um mundo mais justo e democrático”.

Já Julia Nogueira, secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT, diz que esta edição do Fórum “é fundamental para o Brasil, para dizermos aos golpistas que o povo brasileiro não se curva e não aceita o golpe. É necessário resistir para criar novas possibilidades de outra sociedade”.

Mulheres em luta

A luta das mulheres em prol da democracia e pelos direitos das trabalhadoras também foi lembrada na marcha. “O

Fórum Social Mundial é uma luta das mulheres, da classe trabalhadora, dos negros, das organizações e luta dos movimentos sociais, que saem em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores e em defesa do ex-presidente Lula”, disse Rosane Bertoti, secretária de Formação da CUT Nacional, presente à marcha.

“Estamos aqui para firmar a importância de luta das mulheres. O Fórum Social Mundial tem como lema “Um outro mundo é possível”, e isto será quando todos e todas tiverem as mesmas oportunidades, onde todos e todas tenham condições de trabalho e na vida. Isto é um outro mundo possível”, diz Mara Felts, secretária adjunta da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional.

Migração e refúgio no Brasil

Pela manhã, na Tenda da Central Única dos Trabalhadores, a “Roda Diálogos Brasil – África: racismo dialogando com a migração e a situação de refúgio”, debateu a integração dos refugiados no Brasil com integrantes de movimentos negros de todo o país e de países como Angola, Mali e República Democrática do Congo, que dividiram suas experiências ao chegarem no Brasil.

Liderada pela Coordenação Nacional Entidades Negras (Conen), a roda trouxe também propostas de políticas sociais e educacionais para melhor adaptar os refugiados africanos à realidade brasileira.

Hortense Mbuyi, advogada da República Democrática do Congo, relatou o que passou ao chegar no Brasil há três anos. “Percebi que os africanos que não falam português, ficam completamente desassistidos aqui. A maior dificuldade é o idioma e muitas oportunidades são perdidas por isso”, disse a líder do grupo Integração Para Todos, que atua em São Paulo e possui uma rede de apoio para os africanos que chegam ao país.

Já o angolano Bernardo Shonda, disse que sentiu na pele as dificuldades ao ver que seu diploma de médico nada valia aqui. “Meu diploma virou apenas um papel e eu teria que fazer a faculdade outra vez para atuar no Brasil. Isso precisa mudar. Africanos não servem apenas para serviços de limpeza, somos qualificados”, diz o médico que, junto com Hortense, lidera o grupo Integração Para Todos.

 “Percebemos que há um tratamento diferente com os negros refugiados em relação aos refugiados de outros continentes. Não sabia que o racismo era tão forte aqui no Brasil, é preciso que ouçam a nossa voz”, completa a advogada Mbuyi.

Agricultura familiar

Na mesa temática “Agricultura Familiar e fixação no Campo”, na Tenda Futuro do Trabalho da CUT, Elisângela  Araújo , diretora executiva da CUT Nacional destacou a diversidade agrária que existe no país e a luta dos movimentos sociais, das centrais sindicais, para um desenvolvimento solidário, com melhor distribuição de renda e oportunidade para todos.

Dilma Roussef comparece amanhã na Tenda da CUT

A programação da Tenda da CUT, localizada no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), terá às 15h, o lançamento do livro "Enciclopédia do Golpe - o papel da Mídia" com a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff e o jornalista Mino Carta.

Confira a programação desta quarta (14/03)

9h – Tribunal Popular para Julgamento dos Crimes de Feminicídio contra as Mulheres Negras, no auditório do IFBA

14h- Marcha das Mulheres Contra o Racismo, com concentração no largo do Campo Grande

14h - Assembleia Mundial da Juventude, no Acampamento Intercontinental das Juventudes, no Parque de Exposições de Salvador.

15h- Lançamento do livro "Enciclopédia do Golpe - o papel da Mídia" com a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff e o jornalista Mino Carta, na Tenda da CUT, localizada no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

O FSM2018

O Fórum Social Mundial vai até o dia 17 de março, em Salvador, Bahia. São esperadas no evento 60 mil pessoas de 120 países. O slogan do Fórum “Resistir é criar, resistir é transformar”.

Já estão confirmadas as presenças do ex-presidente Lula e das ex-presidentas Dilma Rousseff (Brasil) e Cristina Kirchner (Argentina); e do ex-presidente uruguaio José Mujica, entre outras personalidades convidadas.