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Marilena Chauí: um caldo de cultura perigoso e tirânico

Multidão acompanhou ato em defesa da democracia no Teatro da Universidade Católica (PUC)

Publicado: 17 Março, 2016 - 14h35 | Última modificação: 18 Março, 2016 - 11h56

Escrito por: CUT Nacional

Instituto Lula
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Nós temos nas ruas do Brasil um caldo de cultura perigosíssimo porque é onde se forjam as ditaduras, tiranias, formas de cerceamento de todas as liberdades e conquistas que conseguimos desde a Constituição de 1988. Então, não é só a ameaça do golpe e a crise econômica e mundial que chega ao país.

A avaliação é da filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, que participou do Ato pela Legalidade Democrática nesta quarta-feira (16) no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca), na capital paulista.

A tônica do debate foi a luta da democracia brasileira e a violação de direito por parte do judiciário, conduzido pelo juiz Sergio Moro, que ontem, divulgou um grampo ilegal da presidenta de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, agora ministro da Casa Civil. O encontro reuniu juristas, intelectuais, escritores, movimentos sociais e artistas.

Segundo ela, vivemos uma onda de reacionarismo político que passa pela Europa, Paris, Estados Unidos e o Brasil. “Veja nos EUA, o Trump tem o apoio, inclusive, da Ku Klux Klan (organizações racistas dos Estados Unidos que apoiam a supremacia branca) e se declarou contra todos os direitos das mulheres, dos negros e dos homossexuais”.

De acordo com a professora, as manifestações do último domingo (13) convocadas pela direita são assustadoras porque há uma massa desligada de qualquer organização política partidária. “Estão à procura de um líder. E esse líder está caracterizado por essa massa simbolizando um poder transcendente. Um poder arbitrário, tirânico, desde que garanta a ordem e a segurança contra a democracia que é identificada como o trabalho dos conflitos e criação de direitos. O que nós temos efetivamente é a consolidação de perspectiva conservadora e reacionária que aparece não só nessa multidão que sai às ruas pra xingar, gritar. Mas que não tem uma proposta ou programa. Não tem nada”.

A professora também pontua que a atuação do poder legislativo com a bancada BBB (Boi, Bíblia e Bala) está destruindo todos os direitos assegurados na Constituição de 1988.

“Com pautas conversadoras e reacionárias, o judiciário que opera arbitrariamente ao arrepio da lei, contra a lei e a ideologia que aparece na forma do ódio, do ressentimento, da vingança e nas manifestações ocorridas. É um cenário complicado e complexo. É preciso não esquecer que esses procuradores que estão nessa festa em Curitiba, São Paulo e todo esse Sudeste, escreveram e assinaram um manifesto pró-Aécio durante as eleições. Eles tomaram um partido, portanto, eles não podem exercer a função que exercem”, reafirma.

Sobre a cobertura da imprensa, Chauí afirmou que falta o exercício da liberdade de expressão. “A mídia brasileira é obscena, um escárnio. Ela impede não só o exercício efetivo da liberdade de expressão e do direito à palavra. Ela manipula todas as informações para produzir a falta informação”, finaliza.