Escrito por: Redação CUT

Massacre de Eldorado dos Carajás (PA): nossa solidariedade ao MST

Em nota, Executiva da CUT diz que está ao lado do MST nessa causa justa e estará sempre à disposição de todos que lutam pela terra e para proteger a vida de militantes e lideranças populares

Arquivo EBC

No final da tarde daquele trágico 17 de abril de 1996, numa estrada de Eldorado dos Carajás (PA), trabalhadores e trabalhadoras sem-terra realizavam uma manifestação em defesa da reforma agrária, num período de muitos conflitos sociais, durante os governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso (presidente) e Almir Gabriel (governador).

Organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as famílias se preparavam para uma marcha quando foram surpreendidas pela ação injustificável, covarde e criminosa da Polícia Militar do Estado do Pará, que atacou os manifestantes com disparos de armas de fogo de diferentes calibres, resultando no assassinato de 19 sem-terra. Outros dois trabalhadores morreram alguns dias depois, totalizando 21 mortos nesse massacre.

A PM usou nessa operação de assassinato de trabalhadores 155 policiais, dos quais somente dois foram condenados. Os moradores da região relataram que houve uma coleta de dinheiro entre fazendeiros/empresários, que teria sido entregue ao Comandante da PM Mário Pantoja, um dos condenados.

Na história do Brasil quem luta pela terra e por reforma agrária sempre foi alvo da violência. Massacres de indígenas, a luta dos Quilombos, Canudos (BA), Contestado (PR/SC), Trombas e Formoso (GO), Porecatu (PR), a destruição das Ligas Camponesas após o golpe militar de 1964, a perseguição contra sindicalistas rurais, posseiros e populações tradicionais, enfim, é uma história de permanente violação de direitos humanos e impunidade, onde o estado brasileiro, via de regra, é omisso, quando não cúmplice dos assassinos e mandantes.

No Brasil do golpe e de Bolsonaro aprofundam-se as violações dos direitos humanos, notadamente contra ativistas sociais, dirigentes sindicais e lideranças comunitárias – sejam elas praticadas pelo Estado ou por indivíduos e organizações paramilitares que compartilham ideias ultraconservadoras.

Em um país historicamente marcado pelo uso da violência como principal método para lidar com as mobilizações e lutas sociais, a luta para deter o cerco e aniquilamento que cresce nos conflitos no campo, especialmente deve ser travada com o fortalecimento dos laços de unidade e solidariedade.

Nesse 17 de abril de 2020, nossa solidariedade ao MST e às famílias sem-terra vítimas da ação criminosa de Eldorado dos Carajés. O movimento sindical brasileiro sempre estará ao lado dos que lutam por justiça social, soberania e reforma agrária.

A CUT está ao lado do MST nessa causa justa, para que um dia possamos viver numa nova sociedade, com comida saudável para todo o nosso povo, sem veneno, numa agricultura agroecológica, sem o domínio do agronegócio, que é o fator gerador de tanta violência e desigualdade no campo.  A CUT estará sempre à disposição do MST e de todos e todas que lutam pela terra para proteger a vida dos militantes e lideranças populares no campo ou na cidade.

Nunca esqueceremos os mártires de Eldorado dos Carajás!

 

Viva a luta pela Reforma Agrária!

Executiva Nacional da CUT