'Matar e quebrar urnas': evangélico líder de motociata incentiva crimes no Telegram
O bolsonarista Jackson Villar da Silva, que diz ser evangélico, comerciante, radialista, conservador e presidente do "Acelera Para Cristo" usa Telegram como um 'gabinete do ódio'
Publicado: 27 Outubro, 2022 - 13h04 | Última modificação: 27 Outubro, 2022 - 13h20
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Bolsonarista sugere "quebrar esquerdistas no cacete", conclama seus seguidores a "quebrar a urna eletrônica no pau" e afirma que "cientista político tem que apanhar”.
Tudo isso é dito durante as reuniões nos chats do Telegram realizadas pelo bolsonarista Jackson Villar da Silva, que diz ser evangélico, comerciante, radialista, conservador, presidente do "Acelera Para Cristo" e organizador da motociata com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em junho de 2021, quando reuniu motociclistas em um percurso de 130 km que partiu de São Paulo até Americana, no interior.
Parte das conversas realizadas entre os dias 3 e 23 de outubro, após o primeiro turno da eleição que definiu que a disputa ficaria para o 2º turno entre o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro, foi gravada por uma fonte no grupo Nova Direita, investigado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por difundir desinformação. A pessoa que gravou pediu para não ser identificada. Os áudios foram analisados pela Agência Pública.
evangpelico,Segundo a reportagem, Villar diz no grupo que é próximo a Bolsonaro e de membros do governo. "Quando chegar a um milhão no grupo vou chamar o Tarcísio, vou chamar Bolsonaro. Isso vai virar uma onda pras pessoas entrarem nesse canal. Eu tenho acesso a eles, eu tenho o zap deles aqui, do Eduardo [Bolsonaro], todo mundo”.
O grupo de extrema direita no Telegram chamado "Nova Direita 70 milhões", que começou uma articulação sobre como atuar para reverter uma possível vitória de Lula, tem 182 mil membros.
Racismo e xenofobia é outra marca do evangélico Villar
"Descarados e vagabundos" é como Villar se refere ao povo baiano. A fala de discriminação e o preconceito foi porque Lula obteve 67% dos votos contra 24% do candidato do PL no estado no primeiro turno. "Baiano é gente boa, mas ele é meio descarado. É falso. Eu conheço a natureza do baiano, o negócio dele é se requebrar", diz o empresário, que já foi cantor gospel. As falas violentas de Villar sugerem ainda a um bolsonarista como lidar com quem vota em Lula: "Você tem que falar assim: 'Os cara vão te 'passar' [expressão para matar], os cara vão caçar todo mundo que é petista. Você vai convencer uma alma sebosa com o medo, entendeu? Ele só respeita o cacete”.