MENU

MDB de Temer e PSDB de Aécio perdem disputa para o Senado

Principal nome derrotado, o atual presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB), estava tão certo da sua reeleição que já vinha negociando sua sucessão na nova legislatura. Ficou em terceiro lugar na disputa

Publicado: 08 Outubro, 2018 - 14h29 | Última modificação: 08 Outubro, 2018 - 14h34

Escrito por: Redação RBA

Agência Brasil
notice

A base aliada de Michel Temer (MDB-SP), que comandou o golpe de 2016 e a aprovação de medidas como a reforma Trabalhista e o congelamento de gastos, em especial nas áreas da saúde e da educação, sentiu o peso da rejeição dos brasileiros ao pior presidente da história do Brasil.

O recado do eleitor foi dado a figuras históricas da política nacional, derrotados nas urnas neste domingo (7). Entre eles, a mais surpreendente foi a derrota do atual presidente do Senador, Eunicio Oliveira (MDB-CE), que tentava a reeleição e ficou em um constrangedor terceiro lugar.

Outros 21 senadores que apoiaram o ilegítimo Temer nas votações de medidas nefastas para a classe trabalhadora e o povo mais pobre tentavam a reeleição e muitos foram rejeitados nas urnas. Entre eles, estão Romero Jucá (MDB-RR), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Edison Lobão (MDB-MA), Cristovam Buarque (PPS-DF), Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Garibaldi Alves Filho (MDB-RN), Antônio Carlos Valadares (PSB), Valdir Raupp (MDB-RO) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Também ficaram de fora do Senado Eduardo Braga (MDB-AM), Vicentinho Alves (PR-TO), Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Lúcia Vânia (PSB-GO), Wilder Morais (DEM-GO), Magno Malta (PR-ES), Waldemir Moka (MDB-MS), Benedito de Lira (PP-AL), Angela Portela (PDT-RR) e Paulo Bauer (PSDB-SC).

A derrota de Magno Malta é outra que chama a atenção. Aliado de primeira hora do candidato do retrocesso, Jair Bolsonaro, ele não se reelegeu apesar de ter atuado na tropa de choque do candidato do PSL desde o início e ser ligado a igrejas evangélicas.

Outros caciques de partidos, ex-governadores e ministros aliados de Temer, foram barrados pelo eleitor na tentativa de chegar ao Senado. Entre eles estão o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB-PR), o governador de Goiás e ex-senador Marcone Perilo (PSDB-GO) e o ex-governador de Pernambuco e ex-ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-GO).

Surpreendeu, ainda, a derrota do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM-RJ), outro que também concorria a uma vaga no Senado, na próxima legislatura, e liderou quase todas as pesquisas de intenção de votos.

Eunicio Oliveira já negociava o futuro na Casa

Eunicio Oliveira confiava tanto que seria reeleito que já vinha negociando com líderes do Senado como ficaria a sua sucessão na mesa diretora da Casa – e onde ele poderia se acomodar, quando deixasse a presidência.

A surpresa com a derrota é maior porque ele sempre teve uma boa atuação nas eleições. Foi deputado federal três vezes, no período entre 1998 e 2006, e eleito senador em 2014. Como perderá a prerrogativa de foro privilegiado, terá transferidos para tramitação em primeira instância, no Ceará, os processos que o investigam entre os políticos citados na delação premiada feita por executivos da empresa Odebrecht, na Lava Jato.

Jucá fora após 24 anos

Em Roraima, um dos estados brasileiros onde as eleições tiveram mais dificuldade para chegar ao final, devido às dificuldades de acesso às zonas eleitorais, em função da sua característica geográfica, o senador Romero Jucá, do MDB, ficou pela primeira vez fora do Congresso Nacional. Jucá vinha disputando voto as votos o resultado das urnas, com os candidatos Chico Rodrigues (PRB) e Mecias de Jesus (DEM), mas terminou perdendo e ficou em terceiro. O resultado só foi oficialmente confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) faltando três minutos para a 1h da madrugada.

A derrota de Jucá chama a atenção porque ele foi o primeiro governador de Roraima, depois que deixou de ser território e foi transformado em estado brasileiro, em 1988.Ele está no seu terceiro mandato como senador, completando agora 24 anos de atuação parlamentar na Casa legislativa.

Jucá, além de um dos principais caciques do MDB, é conhecido por ter sido o autor da famosa frase que aparece em áudio gravado numa conversa dizendo que era importante tirar a então presidenta Dilma Rousseff do poder porque “é preciso estancar a sangria”. Em outro momento, ele disse, no mesmo áudio “a gente tira a Dilma e bota lá o Temer”.

O senador em fim de mandato é, hoje, líder do governo Temer no Congresso e ocupou os cargos de líder do então PMDB, presidente do PMDB e líder do governo nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Romero Jucá também é conhecido por se manifestar sobre denúncias apresentadas contra ele, inclusive no processo da Operação Lava Jato, com o argumento de que não se incomoda com investigações e denúncias. Costuma dizer que “investigação faz parte do jogo político”. Segundo ele, "enquanto processos contra políticos não são considerados transitados em julgado, não vê desgaste em políticos serem denunciados". Com a derrota, os processos nos quais ele é réu e que estão em tramitação nos tribunais superiores, devido ao foro privilegiado, serão remetidos para a primeira instância.