Escrito por: Tiago Pereira, da RBA

Média de mortes causadas pela Covid-19 cresce mais de 200% em um mês

Em 14 dias, a média de mortes teve crescimento de 98,3%. Em 30 dias, a alta chega a 217%.

Silvio Avila-HCPA

O Brasil registrou mais 361 mortes e 77.166 novos casos de Covid-19 nas 24 horas entre a terça-feira (5) e a quarta-feira (6), aumentando a média móvel de vítimas fatais para 238 em sete dias, a maior marca desde 25 de março, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Nesta quarta-feira (6), o país completou nove dias seguidos com índice de mortes em consequência de complicações causadas pela Covid-19 acima de 200. Em 14 dias, a média de mortes teve crescimento de 98,3%. Em 30 dias, a alta chega a 217%.

A média móvel de casos, que ficou em 57.829, também continua subindo. Em duas semanas, o índice avançou 45% Na comparação com os últimos 30 dias, a alta chega a 86%. O total de casos seguramente é ainda maior, já que os resultados positivos dos autotestes não entram nos índices oficiais, ampliando a subnotificação.

“Estamos voltando ao patamar de 400-500 mortes/dia e parece que nada vai ser feito para barrar escaladas ainda maiores. Número de casos, mesmo grosseiramente subnotificados, chegando a 80 mil/dia. Isso antes que variantes da ômicron mais agressivas dominem por completo. SOS Brasil”, alertou neurocientista Miguel Nicolelis, pelo Twitter.

Ele se refere às variantes BA.4 e BA.5, que já predominam nos Estados Unidos e na Europa, e são responsáveis pelos aumentos de casos nessas regiões. Estudos apontam que ambas têm maior capacidade de burlar a proteção das vacinas, bem como a imunidade adquirida por infecções anteriores, contribuindo assim para o aumento das reinfecções. De acordo com o último levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) as duas variantes também já predominam no Brasil. Elas responderam por 79,3% dos “casos prováveis” de covid-19 nas duas primeiras semanas de junho.

SRAG avança, com ‘amplo predomínio’ da Covid

Também hoje, o boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) seguem crescendo no Brasil. Os casos avançam tanto na tendência de longo (últimas seis semanas) como de curto prazo (últimas três semanas). No entanto, há sinais de desaceleração em relação aos meses de maio e abril. Os dados também apontam para “amplo predomínio” da covid-19, especialmente na população adulta.

Nesse sentido, a covid-19 já responde por 93,7% dos óbitos e 79,6 dos óbitos por SRAG com diagnóstico positivo para algum tipo de vírus respiratório nas últimas quatro semanas. Nos demais casos, 2,4% foram de Influenza A, 0,1% de Influenza B e 6,6% do vírus sincicial respiratório (VSR). Entre os óbitos, a presença desses vírus foi de 1,2% para influenza A; 0,2%, influenza B; 1,2%, VSR.

De acordo com o levantamento, que compreende o período de 26 de junho a 2 de julho, as regiões com as maiores altas foram Norte e Nordeste. A mesma tendência se iniciou mais tarde em estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Por outro lado, os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo mantêm sinais de possível interrupção no aumento do número de casos, com formação de “platô” no último mês.

“Essa situação ainda está sem sinais claros de inversão para queda. No Paraná e no Rio Grande do Sul, por exemplo, observa-se tendência de retomada do crescimento em crianças. O que indica que o cenário ainda é instável e exige cautela”, disse o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Por região

Assim, 21 das 27 unidades federativas apresentaram sinais de crescimento dos casos de SRAG na tendência de longo prazo. Apenas Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Sergipe ficaram de fora da lista.

Do mesmo modo, 19 das 27 capitais apresentam sinal de crescimento: Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Plano Piloto e arredores em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Teresina.