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Médicos das UBS’s de SP podem entrar em greve contra péssimas condições de trabalho

Com avanço da ômicron e da gripe, unidades estão superlotadas, equipes estão desfalcadas e falta até medicamentos básicos como analgésicos

Publicado: 13 Janeiro, 2022 - 10h03 | Última modificação: 13 Janeiro, 2022 - 10h49

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Fábio Rodrigues Pozzebom - Agência Brasil
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Os médicos que trabalham nas unidades básicas de São Paulo farão nesta quinta-feira (13), às 19h30, uma assembleia para decidir se entram em greve contra as péssimas condições de trabalho.

Com o avanço das contaminações pela ômicron e pela gripe influenza (H3N2), as unidades estão superlotadas, faltam medicamentos e também profissionais de saúde que foram infectados.

Nesta quarta-feira (12), o Brasil registrou 133 mortes e 87.471 novos casos de Covid-19, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

No total, desde o início da pandemia, em março de 2020, o país totalizou 620.371 óbitos e 22.716.931 contaminações causadas pelo novo coronavírus.

O país não tem dados sobre casos de gripe, mas levantamento da CNN Brasil mostra que 11 estados já registraram mortes pela variante H3N2 da influenza até o fim da tarde da terça-feira (11).

Os óbitos foram confirmados em Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e Paraíba.

Três estados reconhecem cenário de epidemia: Rio de Janeiro, Paraíba e Pernambuco. Outros cinco afirmam que estão em situação de surto: Espírito Santo, Rondônia, Rio Grande do Norte, Goiás e Pará.

De acordo com os médicos de São Paulo, a pandemia e a epidemia são responsáveis pelo afastamento de cerca de 1.600 funcionários da saúde municipal, um aumento de 111% em relação ao início de dezembro. A rede estadual também vive problema semelhante, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

Os afastamentos de profissionais da saúde por Covid ou síndrome gripal afetam também até 10% da força de trabalho de hospitais da rede privada, segundo a Associação dos Hospitais Privados de Saúde (Anahp),diz o texto.

Reivindicações dos médicos de SP

Entre as reivindicações dos médicos da rede municipal paulistana estão a contratação de mais equipes para atendimento e pagamento das horas extras. Muitos profissionais dizem que estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem pagamento adicional.

"O único recurso adicional é a sobrecarga. Os funcionários estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem saber como serão remunerados. Algumas OSS [organizações sociais de saúde] não estão pagando como horas extras, oferecem como banco de horas, mas, na prática, ninguém consegue tirar essas horas", disse a médica Ana Paula Amorim, diretora da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade e que também atua na rede municipal, à reportagem.

Os profissionais denunciam também que estão expostos ao contágio pela Covid devido à falta de EPIs (equipamentos de proteção individual), como luvas e aventais, além de insumos básicos. "Falta dipiriona, falta lençol de maca", complementpu a médica.

A falta de medicamentos é generalizada e vai de analgésicos a anti-inflamatórios.

A resposta dos patrões

Em resposta às demandas do sindicato dos médicos, o Sindhosfil (sindicato que representa as 14 organizações sociais de saúde que hoje gerenciam a atenção primária no município) disse que os pleitos dos médicos são de competência da Prefeitura de São Paulo e que não havia fontes financeiras para bancar as reivindicações.

A Secretaria Municipal da Saúde, por sua vez, informou ao sindicato que autorizou o pagamento de horas extras aos profissionais que estão trabalhando aos sábados pelas OSS. E que elas também já tiveram autorização para contratar médicos e equipes de enfermagem para atender ao aumento da demanda.

Quanto aos medicamentos em falta, a secretaria reconheceu o desabastecimento e o atribuiu a problemas de importação de itens e ao cancelamento de compras já empenhadas, devido à pandemia.