Escrito por: Redação CUT
Com avanço da ômicron e da gripe, unidades estão superlotadas, equipes estão desfalcadas e falta até medicamentos básicos como analgésicos
Os médicos que trabalham nas unidades básicas de São Paulo farão nesta quinta-feira (13), às 19h30, uma assembleia para decidir se entram em greve contra as péssimas condições de trabalho.
Com o avanço das contaminações pela ômicron e pela gripe influenza (H3N2), as unidades estão superlotadas, faltam medicamentos e também profissionais de saúde que foram infectados.
Nesta quarta-feira (12), o Brasil registrou 133 mortes e 87.471 novos casos de Covid-19, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
No total, desde o início da pandemia, em março de 2020, o país totalizou 620.371 óbitos e 22.716.931 contaminações causadas pelo novo coronavírus.
O país não tem dados sobre casos de gripe, mas levantamento da CNN Brasil mostra que 11 estados já registraram mortes pela variante H3N2 da influenza até o fim da tarde da terça-feira (11).
Os óbitos foram confirmados em Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e Paraíba.
Três estados reconhecem cenário de epidemia: Rio de Janeiro, Paraíba e Pernambuco. Outros cinco afirmam que estão em situação de surto: Espírito Santo, Rondônia, Rio Grande do Norte, Goiás e Pará.
De acordo com os médicos de São Paulo, a pandemia e a epidemia são responsáveis pelo afastamento de cerca de 1.600 funcionários da saúde municipal, um aumento de 111% em relação ao início de dezembro. A rede estadual também vive problema semelhante, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.
Os afastamentos de profissionais da saúde por Covid ou síndrome gripal afetam também até 10% da força de trabalho de hospitais da rede privada, segundo a Associação dos Hospitais Privados de Saúde (Anahp),diz o texto.
Reivindicações dos médicos de SP
Entre as reivindicações dos médicos da rede municipal paulistana estão a contratação de mais equipes para atendimento e pagamento das horas extras. Muitos profissionais dizem que estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem pagamento adicional.
"O único recurso adicional é a sobrecarga. Os funcionários estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem saber como serão remunerados. Algumas OSS [organizações sociais de saúde] não estão pagando como horas extras, oferecem como banco de horas, mas, na prática, ninguém consegue tirar essas horas", disse a médica Ana Paula Amorim, diretora da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade e que também atua na rede municipal, à reportagem.
Os profissionais denunciam também que estão expostos ao contágio pela Covid devido à falta de EPIs (equipamentos de proteção individual), como luvas e aventais, além de insumos básicos. "Falta dipiriona, falta lençol de maca", complementpu a médica.
A falta de medicamentos é generalizada e vai de analgésicos a anti-inflamatórios.
A resposta dos patrões
Em resposta às demandas do sindicato dos médicos, o Sindhosfil (sindicato que representa as 14 organizações sociais de saúde que hoje gerenciam a atenção primária no município) disse que os pleitos dos médicos são de competência da Prefeitura de São Paulo e que não havia fontes financeiras para bancar as reivindicações.
A Secretaria Municipal da Saúde, por sua vez, informou ao sindicato que autorizou o pagamento de horas extras aos profissionais que estão trabalhando aos sábados pelas OSS. E que elas também já tiveram autorização para contratar médicos e equipes de enfermagem para atender ao aumento da demanda.
Quanto aos medicamentos em falta, a secretaria reconheceu o desabastecimento e o atribuiu a problemas de importação de itens e ao cancelamento de compras já empenhadas, devido à pandemia.