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Mesmo com mais de 3 mil mortes por dia, 18 estados flexibilizam medidas contra Covid

Especialistas criticam reabertura das atividades e igrejas e defendem lockdown nacional

Publicado: 19 Abril, 2021 - 11h43 | Última modificação: 19 Abril, 2021 - 11h56

Escrito por: Redação CUT

Lucas Silva Secom AM
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Em meio à explosão de novos casos e mortes por complicações causadas pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que já matou 373.442 pessoas e contaminou no total 13.941.828 brasileiros, pelo menos 18 estados começam a flexibilizar as ações de combate contra o a doença.

A reabertura das atividades econômicas e religiosas, decretadas no momento em que o Brasil registra, em média, mais de 3 mil vidas perdidas por dia e está na segunda semana mais letal da pandemia, está sendo criticada por especialistas. Segundo eles, o número elevado de casos e de mortes nas últimas semanas indica que este não é o melhor momento de reabertura da economia, mesmo que gradual. Pelo contrário, é hora de fazer um lockdown rígido e nacional.

Mas, apenas em algumas cidades do país, como Sorocaba e São Luís decretaram lockdown efetivo, como recomendam os especialistas, e garantiram uma queda brusca de novas infecções e mortes. O confinamento mais rígido em todo o país é rejeitado pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), que faz um discurso confuso e enganoso em defesa da economia, mas nunca defendeu a vida. Sobre a alta de mortes de brasileiros já disse coisas como “não sou coveiro” e acusa governadores e prefeitos que decretam medidas preventivas de serem responsáveis pela crise econômica e desemprego.

O resultado é o recuo dos governadores. Apesar dos sucessivos recordes de mortes por Covid-19 no país nas últimas semanas, os governados dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, voltaram a permitir o funcionamento do comércio com restrições de horários. No Ceará, houve também liberação de parte das atividades econômicas.

Em São Paulo, que tem registrado recordes de mortes e casos de novo coronavírus , o governador João Doria (PSDB) criou uma frase de transição entre as fases emergencial e vermelha para autorizar a volta das aulas presenciais, a retomada e de torneios esportivos, a reabertura de shoppings, lojas de rua e até de igrejas e templos evangélicos. O governo limitou o número de fieis, o espaço entre as pessoas e o uso obrigatório de máscaras, mas a bispa Sônia Hernandes, da Renascer em Cristo, por exemplo, falou para cerca de 500 fiéis, na manhã deste domingo (18), sem máscara, segundo o UOL.

Também adotaram algum tipo de flexibilização das medidas para conter a disseminação da Covid-19 os estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins, além do Distrito Federal.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, cerca de 22 mil mortes já registradas no estado, 7.350 foram registradas em março, ou 35% do total. A ocupação é de 86% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)  no Sistema Único de Saúde (SUS) e, na rede privada, de 102%.

Já Bahia, apesar da taxa de transmissão da doença ter diminuído com medidas de restrição, o patamar de ocupação de UTIs segue elevado: 85%.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já haviam expressado a preocupação no último boletim extraordinário do Observatório Covid-19, divulgado na semana passada. Segundo o documento, é possível observar uma estabilização na incidência de novos casos, mas a estabilidade é acompanhada da permanência de índices altos de casos da doença e pela alta taxa de ocupação de leitos de UTIs na maioria dos estados.

Aglomeração no fim de semana

Outro perigo da flexibilização das medidas restritiva é que pode levar à população a sensação de melhora da pandemia. O fim de semana foi marcado por aglomerações e desrespeito às regras de distanciamento pelo país.

Em Fortaleza, houve registro de desrespeito às normas sanitárias de combate ao coronavírus e ao decreto vigente, bem como aglomeração em uma feira livre na periferia da capital. Embora o decreto estadual tenha flexibilizado as atividades econômicas desde a última segunda-feira (12), o governo determinou que, nos fins de semana, só devem funcionar os serviços essenciais, como hospitais, farmácias e supermercados. Mas não foi isso que aconteceu.

Em São Paulo, o sábado e o domingo foram marcados por aglomeração na Praça Roosevelt, um espaço de lazer no centro da cidade. Uma multidão foi flagrada aglomerada e com copos de bebidas nas mãos pelas escadarias e canteiros do espaço.

Muitas pessoas não usavam máscaras no rosto, item obrigatório previsto em decreto estadual para conter a disseminação do coronavírus. A polícia teve que dispersar a multidão e fazer um cordão de isolamento.

No Rio de Janeiro, mesmo com as restrições impostas para conter o avanço da Covid-19, banhistas aproveitaram o domingo de sol e movimentaram as praias. Em Copacabana e no Leme, na zona sul, foi possível ver gente tomando banho de sol e de mar, além de ambulantes vendendo comida, bijuterias e roupas — atividades atualmente proibidas, segundo decreto da prefeitura.

Números da pandemia

O Brasil teve a segunda semana mais letal da pandemia, atrás somente da semana de 12 de abril até este domingo (18), foram registadas 20.149 mortes por Covid-19. Na semana anterior, a pior da pandemia até aqui, foram registrados 21.763 óbitos pela doença.

Neste domingo, foram 41.694 casos da Covid-19 e 1.553 mortes pela doença. Vale ressaltar que aos finais de semana e segundas, os números relativos à pandemia são menores por atrasos de notificação nas secretarias de saúde, que trabalham com equipes reduzidas aos finais de semana.

Com os dados deste domingo, o Brasil soma 373.442 mortes e 13.941.828 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.

A média móvel de mortes agora está em 2.878 óbitos por dia. O Brasil completa 33 dias com média acima de 2.000 mortes por dia e 88 dias seguidos acima de 1.000.

Covid-19 diminui expectativa de vida em vários estados

Com recorde de mortes no Brasil como se nunca tinha visto antes, a expectativa de vida pode cair até mais de três anos e meio, dependendo da região, por causa do impacto da doença nos índices de mortalidade. Os dados fazem parte de um estudo liderado pela pesquisadora brasileira Marcia Castro, do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard.

O Distrito Federal é o local mais afetado, com uma redução estimada de 3,68 anos. O Norte, porém, é a região mais afetada. No Amapá a redução chega a 3,62 anos, o de Roraima recuo de 3,43 e do Amazonas menos 3,28. 

Em São Paulo, estado com mais casos do novo coronavírus, a perda deve chegar a 2,17 anos.

Segundo o jornal o Estadão, será a primeira redução nesse indicador nacional desde 1940, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em média, a redução da expectativa de vida em todo o Brasil será de praticamente dois anos (1,94). O número é resultado direto das mais de 350 mil mortes já registradas no País pela doença

 Com informações de Agências