Escrito por: Redação RBA
Após mais de 70 reuniões com empresários, categoria assegurou reajuste de 5%. Trabalhadores aprovaram proposta em assembleia. Negociação envolveu sindicatos da CUT no estado de São Paulo
Em assembleia, os metalúrgicos do ABC paulista aceitaram a proposta de aumento real e manutenção de cláusulas sociais nessa quarta-feira (17). Com isso, os trabalhadores terão reajuste de 5%. O presidente da Federação Única dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT), Luiz Carlos da Silva, o Luizão, que representou os sindicatos da categoria no estado na mesa de negociação com os empresários, as negociações foram duras, mas a categoria saiu vitoriosa. "Foram muitas negociações, com mais de 70 reuniões, tudo isso por causa da reforma trabalhista que retirou nossos direitos. Porém, conseguimos evitar essa perda", conta, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Além da reposição do INPC do período de 3,64% e aumento real de 1,31%, os trabalhadores também garantiram a manutenção de direitos sociais da convenção coletiva por dois anos.
Assembleias em outras regiões também estão aprovando acordos. Em Sorocaba, no interior paulista, por exemplo, os metalúrgicos da Toyota fizeram assembleia na segunda-feira em aprovaram acordo de 5% negociado pelo sindicato e pelo comitê sindical. "Nós não vamos parar de lutar por ela, porque é a democracia que nos dá a possibilidade de reivindicar e pressionar por direitos. Os sindicatos são entidades coletivas que representam os interesses dos trabalhadores. Sem democracia, não há avanço", afirmou o presidente do sindicato, Leandro Soares.
Michele Marques, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ressaltou a importância das conquistas para categoria, mesmo em um cenário desfavorável após a implementação da "reforma" trabalhista. "Uma coisa que gostamos da frisar é a renovação das cláusulas sociais. O nosso país sofreu muito com as reformas aprovadas, mas a nossa convenção garante todos os direitos por dois anos. A maior vitória foi conseguir garantir a licença maternidade, seguro de pré-aposentadoria e também para lesões no trabalho", explica ela.
Na avaliação do presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, o comportamento dos grupos patronais na mesa de negociação reflete o ambiente criado após a aprovação das alterações na legislação trabalhista.
Segundo ele, as conquistas comprovam o quanto o sindicato é importante para garantir e fazer valer os direitos dos trabalhadores. "É uma luz em meio às trevas da reforma trabalhista e à liberação irrestrita da terceirização. Essas garantias são muito importantes, mais do que o aumento real", acrescenta.
Dos nove grupos com que a Federação dos Metalúrgicos negociou, em seis foi assegurado 5% de reajuste. Se até a próxima segunda-feira (22) os empresários dos três grupos restantes não enviarem proposta, a categoria promete entrar em greve, conforme decisão da assembleia desta quarta.