Escrito por: Redação RBA

Metalúrgicos da Volkswagen garantem estabilidade e mostram importância do sindicato

Acordo firmado nesta semana beneficia 15 mil trabalhadores nas quatro unidades da Volkswagen no Brasil

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Os metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Taubaté aprovaram, nesta semana, acordos coletivos que garantem estabilidade de emprego e retomada de investimentos na Volkswagen. Para o secretário-geral do IndustriALL Global Union, Valter Sanches, a vitória mostra a importância dos sindicatos, após o desmonte da legislação trabalhista no Brasil.

“Em uma conjuntura na qual a legislação trabalhista brasileira é destruída desse 2017 e sem nenhuma política industrial para garantir a segurança dos empregos, esse acordo do sindicato é muito importante para os 15 mil trabalhadores (da Volks). Essa estabilidade garante uma longevidade na produção da empresa e também impacta positivamente na cadeia produtiva”, afirma, em entrevista a Glauco Faria,no Jornal Brasil Atual.

O acordo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com a Volkswagen, por exemplo, é válido por cinco anos, e inclui plano de demissão voluntária (PDV) e garantia de emprego para quem permanecer. Além disso, está previsto o lay-off (até o limite de 10 meses), congelamento de reajuste e nova tabela salarial, entre outros itens.

De acordo com Sanches, é ideal que o país tenha uma legislação trabalhista que assegure a negociação coletiva, pois há uma disparidade de forças entre patrão e empregado. “Sem uma política industrial, os trabalhadores ficam responsáveis por buscar acordos criativos”, alerta.

O acordo firmado beneficia 15 mil trabalhadores nas quatro unidades da Vokswagen no Brasil. Os metalúrgicos de São José dos Pinhais (PR) também aprovaram a negociação. E os de São Carlos (SP) farão assembleia na próxima segunda-feira (21).

Exemplos pelo mundo

A necessidade de acordos coletivos e maior presença dos sindicatos nas negociações não se dá só no Brasil. O secretário-geral da IndustriALL Global Union afirma que há exemplos de negociações positivas em outros países, que conseguiram zelar pelos direitos dos trabalhadores.

“Com o conglomerado espanhol Inditex, negociamos um acordo global e a empresa garantiu o pagamento dos seus fornecedores, o que dá uma estabilidade a médio prazo para dois milhões de trabalhadores que estão em sua cadeia produtiva”, destaca Valter.

Outros dois exemplos lembrados por Sanches são dos metalúrgicos de Barcelona, na Espanha, e da Alemanha. Na cidade catalã, a Nissan anunciou, no final de abril, que iria encerrar suas operações na região. Entretanto, cerca de 3 mil trabalhadores diretos e outros 27 mil indiretos se uniram às entidades sindicais para impedir o fechamento das fábricas.

“O resultado foi, primeiro, o adiamento do fechamento até 2021, sem demissão forçada, e com a garantia de que a fábrica será reaproveitada. Já há um projeto para ser comprada por uma fabricante de baterias para carros elétricos”, relata o sindicalista.

“Outro caso grande foi na Alemanha, por meio do Sindicato dos Metalúrgicos do país que representa 1,5 milhão de trabalhadores. Eles fizeram acordos com grandes empresas, como a Mercedes, e outras do setor de autopeças, como a Bosch. Essas negociações garantiram empregos por 10 anos”, pontua Sanches.