Escrito por: Vitor Nuzzi / RBA

Metalúrgicos e Scania fazem acordo para garantir volta ao trabalho no ABC

Depois de mais de um mês sem produção, metalúrgicos da Scania e montadora criaram normas de conduta e proteção para retomada do trabalho

Reprodução
Regis Guedes, coordenador do Sistema Único de Representação (SUR) dos trabalhadores na Scania

Na última segunda-feira (27), os trabalhadores na Scania, em São Bernardo do Campo, retomaram atividades depois de mais de um mês. O último dia de produção tinha sido em 20 de março. Desde então, a pandemia de coronavírus forçou a interrupção, com os funcionários preocupados. Para garantir a volta à fábrica, entre outras questões cotidianas a resolver, metalúrgicos e Scania negociaram um acordo até 31 de julho. O termo inclui uma série de medidas na área de saúde, inclusive mexendo nos turnos.

“Desde quando a gente parou, começamos a conversar com a direção. Todo mundo falou, todo mundo deu ideia”, lembra o coordenador do Sistema Único de Representação (SUR) dos trabalhadores na Scania, Regis Guedes. Segundo ele, os ajustes vão sendo feitos diariamente, à medida que algum problema aparece. “Tudo está sendo feito para que funcione. Vai depender muito deles (trabalhadores)”, observa Regis, que gravou um vídeo para divulgar as mudanças.

Entre outras medidas, ao chegar à fábrica, ainda na portaria, o trabalhador recebe álcool gel e alguém mede a sua temperatura. O número de linhas de ônibus que fazem o transporte para o trabalho foi duplicado, para aumentar o espaço entre os funcionários, que sentam em forma de “x”, começando de trás para a frente.

E o café?

Na linha de produção, as ferramentas são higienizadas na entrada e ao final do turno. Em pontos de possível aglomeração, foram colocados adesivos para manter em 1,5 metro a distância entre as pessoas. A capacidade do restaurante foi reduzida pela metade e os horários, ampliados. Os trabalhadores receberam kits com quatro máscaras, laváveis.

O turno, que era único, foi dobrado. Agora, os aproximadamente 2.600 metalúrgicos da produção da Scania – de um total de 3.800 – se dividem entre manhã e noite.

“A gente está aprendendo com a coisa andando”, diz Regis, 48 anos, que em agosto completará 34 na Scania. Agora, por exemplo, há uma questão prática a resolver, que está provocando reclamações: e o café? As máquinas foram interditadas. Por enquanto, café só no horário de refeição.

O clima no retorno à fábrica, quatro dias atrás, reflete de certa forma o sentimento das pessoas no dia a dia. “Alguns não viam a hora de voltar”, conta Regis. “Alguns confiantes, outros aliviados e têm aqueles que ainda estão com medo.”