Escrito por: Redação RBA
O home office improvisado foi necessário para proteger as vidas, mas as condições de trabalho elevam as doenças ocupacionais físicas e a pandemia os problemas psíquicos, diz dirigente da Contraf CUT
As metas abusivas impostas aos trabalhadores do setor financeiro têm aumentado o número de bancários que contraem doenças ocupacionais. As razões para o aumento das cobranças são a exploração no regime home office durante a pandemia do novo coronavírus e a reestruturação dos bancos, segundo sindicalistas.
“As metas abusivas continuam a todo a vapor e as LER/Dorts cresceram com o home office improvisado, que foi necessário para proteger as vidas”, afirma o secretário de Saúde da Contraf CUT Mauro Salles.
“Mas o bancário trabalha, muitas vezes, com o notebook no colo, na mesa de refeições, elevando as doenças ocupacionais físicas e os problemas psíquicos, situação agravada pela pandemia”, ressalta o dirigente.
“O mecanismo ‘adoecedor’, que já existia, se aprofundou com metas ainda mais abusivas e cobradas de formas cada vez mais duras”, acrescenta.
Salles participou de painel para debater a saúde dos bancários durante a Conferência Estadual dos Bancários do Rio, realizada no sábado (14). Ele disse que, mais do que nunca, este é um tema central da campanha nacional da categoria.
“Sempre demos atenção especial à saúde e às condições de trabalho, com a pandemia mais ainda”, disse.
De acordo com Salles, “a pandemia e a reestruturação nos bancos aprofundaram a exploração, com unidades de negócios, home office, teletrabalho, e todo este processo de mudanças que acontece no contexto de um governo hostil aos trabalhadores, o que nos traz grandes desafios”.
Metas e medos ao redor
Salles criticou as metas que adoecem os trabalhadores e são ainda mais crueis diante da crise sanitária da Covid-19. O sindicalista lembra que, além do medo do assédio, das metas e das demissões, o trabalhador convive também com o medo do vírus e da morte, o que agrava os problemas de saúde dos funcionários.
A concorrência dos bancos com as fintechs e plataformas digitais foi apontado como mais um agravante na saúde dos bancários, pois elevou a cobrança por melhores resultados, afetando a saúde física e psíquica da categoria, cada vez mais frágil.
Direitos na doença
Mauro criticou também o tratamento dado aos bancários nas clínicas contratadas pelos bancos.“Pioraram os serviços médicos dos bancos que dificultam o atendimento e muitos profissionais trabalham para negar as doenças ocupacionais e os benefícios do INSS para os empregados”, disse, destacando a importância do retorno do tema saúde nas mesas permanentes de negociação com os bancos.
Com informações do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Município do Rio de Janeiro