Escrito por: Redação CUT

Metroviários de Belo Horizonte entram no décimo dia de greve contra privatização

Cerca de 1,6 mil trabalhadores que prestam serviço para a CBTU da capital mineira podem ser demitidos. Categoria também lembra que privatização impacta no bolso dos usuários e na qualidade do serviço prestado

Sindimetro MG

Os metroviários e metroviárias de Belo Horizonte estão em greve desde o dia 21 de março, contra a privatização do Metrô, que coloca em risco o emprego dos cerca de 1,6 mil trabalhadores que prestam serviço para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) da capital mineira.

Além disso, a direção do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro) diz que a privatização vai impactar diretamente no bolso dos usuários e piorar as condições do serviço prestado.

Como reflexo das discussões sobre a privatização as passagem aumentaram de R$ 1,80 para R$ 4,50 entre março de 2019 e março de 2021, diz o Sindimetro.

“O metrô não foi feito para dar lucro, mas na lógica capitalista selvagem, tudo tem que dar lucro e a população trabalhadora que se dane”, afirma nota publicada na página do sindicato.

A categoria reivindica que o governo federal e a CBTU sejam transparentes e informem como ficará a situação dos trabalhadores no processo de privatização do Metrô.

A greve, que tem adesão de 95% da categoria, segundo o sindicato, é por tempo indeterminado, mas o Metrô está atendendo a população das 10h às 17h.

Processo de venda

Em novembro de 2021, o governo federal criou a Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte (STUBH), que deixou de integrar a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e se transformou em um "Veículo de Desestatização MG Investimentos S.A. – VDMG”.

A VDMG, criada exclusivamente para a venda do metrô de BH, será gerida inicialmente pelo governo estadual e, em seguida, vendida para a iniciativa privada, que terá o direito de exploração da concessão do serviço metroviário da capital por 30 anos.

O governo tem a expectativa de que a venda seja realizada em julho deste ano. A quatro meses da data, os metroviários afirmam que já vivenciam as consequências e inseguranças geradas pelo processo.

Risco de perder o emprego

Uma das denúncias feitas pelo movimento é a falta de garantia de estabilidade do emprego dos metroviários. Os grevistas reivindicam que, no mínimo, os trabalhadores sejam realocados em outros estados ou unidades da CBTU.

“A nossa greve é para que o governo abra as negociações para deliberar sobre a questão dos empregados.  Temos 12 meses de estabilidade. E depois, o que será feito dos empregados? Todos fizeram concurso público e não entraram por acaso.  São funcionários do governo federal”, enfatiza Alda Lúcia Fernandes dos Santos, diretora do Sindimetro.

Além da falta de garantias por parte do governo, os trabalhadores se preocupam, pois, como alerta o sindicato, em nota, ao serem privatizadas, as empresas tendem a demitir os concursados e admitir trabalhadores com salários mais baixos e menos formação na área de atuação. Ainda, segundo o Sindimetro, atualmente, todos os funcionários da CBTU são concursados.

Segundo Alda, a proposta dos grevistas é de que os trabalhadores sejam mantidos na STU-BH como empregados públicos e que a CBTU seja inserida na negociação, “assim como foi feito na STU-Salvador e STU-Fortaleza, onde os empregados tiveram uma estabilidade maior”.

Com informações do BdF