Metroviários de SP aceitam contraproposta do governo e encerram greve
1.480 metroviários votaram a favor do fim da greve, 1.459 votaram contra e 62 se abstiveram. Contraproposta do Metrô e pelo governo de São Paulo com valor de PRs atrasadas muito menor dividiu a categoria
Publicado: 24 Março, 2023 - 10h18 | Última modificação: 24 Março, 2023 - 10h26
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Com um placar apertado, 1.480 votos a favor do fim da greve, 1.459 contra e 62 abstenções, os metroviários de São Paulo decidiram aceitar a contraproposta feita pela direção do Metrô e pelo governo de São Paulo. O valor muito menor de pagamento de abono pelas Participações nos Resultados (PRs) de 3 anos ainda não pagas, dividiu a categoria.
A orientação da direção do Sindicato dos Metroviários de SP, que defendeu a contraproposta por ser uma vitória política, é a de que a categoria volte aos postos de trabalho imediatamente para a retomada da operação do Metrô.
Governo oferece muito menos do que categoria reivindicava
A luta da categoria era especialmente, pelo pagamento de um abono referente a três anos de Participação nos Resultados (PRs), de 2020, 2021 e 2022, que não foram pagas pelo Metrô. O Sindicato sugeriu que o abono seja no valor de R$ 7,5 mil, que podia ser parcelado.
A contraproposta aceita na assembleia realizada nesta manhã é de pagamento de um abono de apenas R$ 2.000 por trabalhador referente aos três anos de não pagamento de PRs. A previsão é a de que o pagamento seja feito no dia 14 de abril.
Além disso, o Metrô se comprometeu a cancelar punições aos grevistas e não descontar as horas paradas.
Os Metroviários de SP também reivindicam a contratação de mais trabalhadores por meio de concurso público para todas as áreas do Metrô que estão com falta de mão de obra e mais investimentos.
Proposta criticada
Os dirigentes do Sindicato dos Metroviários criticaram a contraproposta do governo de SP, mas avaliaram que é necessário "sair por cima" na disputa.
"Não existem condições de continuar o movimento no fim de semana. Não queremos transformar a vitória política dessa greve em uma derrota para a categoria. Temos uma campanha salarial, e daqui a duas semanas vai começar um novo enfrentamento.", disse a presidente do Sindicato, Camila Lisboa.
Ação antissindical punida
Nas primeiras horas da manhã de ontem, o governador Tarcísio Freitas (Republicanos) comunicou que aceitava a proposta do sindicato de liberar as catracas para manter a operação do Metrô, sem prejuízo à população, como havia proposto o Sindicato dos Metroviários. Exigiu que 100% dos trabalhadores fossem aos seus postos de trabalho.
Ao mesmo tempo, o governo entrou com uma ação na Justiça para impedir a liberação das catracas, proposta apoiada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2).
Com os metroviários nos postos de trabalho, o governo conseguiu uma liminar contra a liberação das catracas.
"Ontem vimos o Tarcísio fazendo uma política para a imprensa e uma política para a Justiça. Falou para a imprensa que ia ter catraca livre e foi para a Justiça pedir a cassação da catraca livre. Se tem alguém fazendo política contra os trabalhadores, é o governador Tarcísio," criticou a presidente.
Não ficou por isso mesmo. O TRT-2 multou o Metrô de São Paulo em R$ 100 mil e permitiu que cidadãos utilizem o metrô de graça durante a greve, ou seja, liberou as catracas.
A juíza Elaine Aparecida da Silva Pedroso atribuiu a multa por "prática antissindical" ao entender que o Metrô anunciou a liberação das catracas, mas logo se opôs e entrou com uma liminar contra a passagem gratuita.
A magistrada entendeu que o Metrô se recusou a propor acordos para acabar com a greve. O TRT-2 também notou "boa-fé" dos metroviários ao disponibilizarem imagens deles mesmos prontos para voltar ao trabalho, caso alguma proposta avançasse.