MENU

Metroviários de SP suspendem greve e marcam nova assembleia para próxima terça (14)

TRT-2 vai articular até a próxima segunda (13) um acordo coletivo específico para o período da pandemia. Metroviários lutam contra negativa da empresa em prorrogar o ACT e a retirada de vários direitos

Publicado: 08 Julho, 2020 - 10h00

Escrito por: Redação CUT

Sindicato dos Metroviários de SP
notice

Em assembleia virtual realizada na noite desta terça-feira (7), os metroviários de São Paulo decidiram aceitar a proposta do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) de iniciar as negociações da campanha salarial e suspenderam a paralisação. Categoria manteve estado de greve e marcou uma nova assembleia para a próxima terça-feira (14).

A proposta de suspensão da greve teve apoio de 60% dos votantes (1.541 votos). Outros 38% (969) votaram pela greve. Já a proposta de conciliação do TRT-2 teve 76% dos votos (1.962 votantes) a favor e 18% contra (472 votantes).

O TRT-2 deve negociar com a Companhia do Metropolitano, até a próxima segunda-feira (13), um acordo coletivo específico para o período da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que seria válido até 31 de dezembro, com efeito retroativo a junho.

Os trabalhadores estão lutando contra a negativa da empresa em prorrogar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e a proposta de retirar vários direitos da categoria. Mesmo sem a conclusão da campanha, o Metrô já aplicou os cortes salariais e reduziu os recebimentos dos trabalhadores no pagamento feito semana passada. A empresa, administrada pelo governo de João Doria (PSDB) tem rejeitado todas as propostas de acordo, inclusive as feitas pelo TRT-2.

Quando marcaram a greve para 1º de julho, sindicalistas disseram ao Portal CUT que a paralisação era por direitos e salários que a companhia havia cortado em plena pandemia. Metroviários receberam comprovante de pagamento no início do mês com redução de salários em torno de 30%. O diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Marcos Freire, disse que  teve redução nos valores pagos referentes as horas extras, de 100% para 50%, e ao adicional noturno, de 50% para 20%.

A categoria quer a manutenção dos acordos firmados no passado e não admite corte nos rendimentos, o fim do auxílio-transporte nem do adicional de risco de vida dos trabalhadores de bilheterias e seguranças, como quer o governo de João Doria (PSDB). Doria quer também reduzir a gratificação de férias de 70% do salário efetivo para 33% e a contribuição da empresa para o plano de saúde de 84% para 70% da mensalidade.

Sem reajuste

Além disso, a companhia não propõe reajuste para salários e benefícios, como mostrou a RBA. E quer mudar novamente a data de pagamento, além de alterar ou mesmo retirar outros direitos previstos no acordo coletivo. Ao todo, 18 itens seriam retirados e os benefícios seriam reduzidos em outros 11, segundo a proposta do Metrô. A proposta de greve dos metroviários é contra esses cortes.

“O governo e a empresa se aproveitam da pandemia para atacar os metroviários, que é uma das categorias mais bem organizada do estado. Se der certo, vai aplicar isso aos demais trabalhadores. É um completo desrespeito com quem presta o melhor serviço público do estado. Quem opera o Metrô não é a direção, são os metroviários. Mas essa direção sequer dialoga com o sindicato”, afirmou o coordenador da entidade Wagner Fajardo.

Exposição ao vírus

“Os metroviários são trabalhadores essenciais, não pararam durante a pandemia, prestando um serviço fundamental à população, especialmente para outras categorias essenciais no combate ao coronavírus. Por isso, estão mais expostos, cada dia mais são contaminados pelo vírus. Mesmo assim, Doria e o Metrô querem atacar os metroviários”, argumentam os trabalhadores.

A categoria lembra ainda que o governo Doria não garantiu sequer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mesmo após várias denúncias e ações judiciais do Sindicato dos Metroviários. Logo que a reabertura do comércio e dos serviços foi autorizada por Doria, o Metrô convocou profissionais com mais de 60 anos para voltar ao trabalho.

O sindicato registrou 123 trabalhadores contaminados pelo coronavírus, outros 76 casos suspeitos e 83 afastados por contato. Até agora, um trabalhador que estava na ativa morreu.