Fichter confirma presença no Seminário Internacional da CUT
Professor da Universidade Livre de Berlim, é especialista na área de estratégias sindicais
Publicado: 14 Agosto, 2015 - 16h06 | Última modificação: 14 Agosto, 2015 - 16h14
Escrito por: Leonardo Severo
O renomado cientista político americano Michael Fichter, professor da Universidade Global do Trabalho (GLU) e da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, confirmou presença no Seminário Internacional da Central Única dos Trabalhadores, que acontecerá no dia 13 de outubro, na capital paulista.
Responsável por um vasto repertório de pesquisas e projetos na área de relações trabalhistas globais e estratégias sindicais, Fichter debaterá com a secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow sobre a concentração da riqueza e o ataque aos direitos e à democracia.
Crítico da condenação neoliberal que se assentou nas últimas três décadas na “tríade composta por privatização, liberalização e financeirização”, o cientista político faz uma reflexão sobre o poder econômico e social das transnacionais nas relações internacionais e sua capacidade de “captura corporativa”, que acaba colocando em xeque o poder dos estados-nação. Segundo ele, “os Acordos de Livre Comércio (ALCs) e os Tratados Bilaterais de Investimento (TBI), exemplificam o desequilíbrio do poder entre os estados e como estão sendo levados adiante as políticas que favorecem os interesses privados e limitam o papel do Estado”. Fichter denuncia que entre os instrumentos de coação utilizados contra a soberania dos Estados e o desenvolvimento autônomo, há “os que dão aos investidores estrangeiros novos direitos de propriedade e controle de recursos naturais e territórios de outros países, de estabelecimento ou aquisição de firmas locais para operá-las em condições privilegiadas em relação às empresas nacionais”.
Por outro lado, a reação diante dos tentáculos destas transnacionais – incluindo as gigantes do setor alimentício, energético e financeiro – vai sendo estrangulada e ideologicamente lapidada pelas agências internacionais de notícias, que multiplicam alienação, apatia e conformismo em relação à dominação.
Com “pouca voz democrática nas decisões”, alerta, “estão as comunidades locais de consumidores, os trabalhadores e as organizações representativas como sindicatos”, o que demonstra a necessidade de maior articulação da sociedade civil. Na avaliação de Michael Fichter, é preciso desenvolver estratégias para “construir o poder sindical e forjar alianças mais abrangentes com os movimentos sociais que precisam ter ser horizonte ampliado para incluir investimentos, tributação e possivelmente outras áreas temáticas também” em suas reivindicações.
“Como primeiro evento do Congresso da CUT, o Seminário focará no crescimento acelerado da concentração de renda na mão de um reduzido grupo de transnacionais e seus perversos desdobramentos para a ordem democrática”, assinala o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa. Conforme o dirigente cutista, “ao ampliarem de forma desmesurada o seu poder econômico, estas transnacionais passam a chantagear, pressionar e coagir governos e parlamentos para que se submetam ao receituário previamente traçado desde suas matrizes no exterior, o que significa muitas vezes desprezar a soberania nacional e adotar medidas recessivas, com ataque aos direitos, salários e empregos”.
Neste momento de agravamento da crise internacional e falência de um modelo altamente excludente, avalia Lisboa, a contribuição de Michael Fichter e Sharan Burruw, avalia, “serão extremamente úteis para refletirmos com mais de uma centena de delegados internacionais os caminhos a seguir, ampliando nossa compreensão e unidade de ação para construir o novo”.