Escrito por: Redação CUT
Foi assim que os jornalistas Luis Nassif e Kennedy Alencar classificaram as tentativas dos jornais tradicionais de desmoralizar análise correta de Lula sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia
Midia corporativa tenta desmoralizar fala do ex-presidente Lula por críticas à guerra da Rússia contra a Ucrânia, feitas em entrevista a revista Time, que estampou a manchete "O Segundo ato de Lula", e disse que o petista foi "o presidente mais popular do Brasil". A onda de críticas ignora, inclusive, que a fala de Lula foi, diga-se de passagem, muito menos dura do que a do Papa Francisco sobre o mesmo tema.
Mas teve reação a altura de jornalistas como Luís Nassfi e Kennedy Alencar.
Editor do GGN, Nassif publicou artigo descontruindo os ataques dos jornalões, que chamou de ‘histeria’. Disse que Lula está certo e cravou: “Lula não abdicou do bom senso”.
Na mesma linha, o colunista do Uol, Kennedy Alencar, defendeu a fala de Lula sobre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que considerou correta e definiu as críticas como “viralatismo”. Segundo o jornalista, só o viralatismo explica críticas a fala correta de Lula sobre Zelensky.
“Está absolutamente correta. Só o complexo de vira-lata explica as críticas a uma declaração que enxerga os tons de cinza de uma questão geopolítica complexa”, disse Kennedy Alencar.
Entenda o caso:
Nesta quarta-feira (4), uma entrevista de capa na Time com o presidente Lula foi um dos assuntos mais comentados no Twitter, blogs e portais de notícia.
A reação dos bolsonaristas foi violenta e, junto a ela, a da mídia coorporativa, aquela que se recusa a negociar a campanha salarial com os representantes dos trabalhadores e não quer sequer repor a inflação nos defasados salários dos seus jornalistas.
Na entrevista, Lula afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, é “tão responsável” quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pela guerra. De acordo com Lula, Putin errou ao invadir, mas ninguém está, de fato, “prrocurando contribuir para ter paz”. Ou seja, Lula criticou os Estados Unidos, a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Em entrevista exclusiva ao jornal italiano Corriere Della Sera, publicada na segunda-feira (2), o Papa Francisco foi na mesma linha de Lula, lembra a Revista Fórum. Para ele, "a origem da guerra foi a Otan latindo às portas da Rússia" e “a raiva de Putin pode não ter sido provocada, mas foi facilitada”.
Na entrevista à Time, Lula também demonstrou incomôdo com as milhares de aparições do presidente da Ucrânia na TV “como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe?”.
“Esse cara é tão responsável quanto o Putin”, continuou Lula, “porque numa guerra não tem apenas um culpado”.
Para o Bispo de Roma, assim como Lula opinou, ficar instigando mais reações de Vladimir Putin não é uma saída para o conflito. O que deve haver, segundo o Papa, é um diálogo, que já teria sido iniciado inclusive de sua parte, que instou a Rússia a conversar.
“É claro que foi necessário que o líder do Kremlin permitisse algumas janelas. Ainda não recebemos uma resposta e continuamos a insistir, embora receie que Putin não possa e não queira ter esta reunião agora . Mas com tanta brutalidade, como não parar? 25 anos atrás, experimentamos a mesma coisa com Ruanda”, disse Francisco.
Mas, para a mídia corporativa, que criticou a entrevista de Lula a Times em artigos, manchetes e até editorais, como o do Estadão - que está se especializando em atacar de forma grosseira o petista – nesta quinta-feira (5), que insinuou que o petista estaria falando demais e, portanto, besteiras.
Uma histeria da mídia corporativa brasileira, como bem disse Luís Nassif. Complexo de vira-lata, como disse Kennedy Alencar.
Veja o que escreveu Nassiff no GGN: "A Rússia invade a Ucrânia. A invasão é utilizada para reforçar o sentimento anti-Rússia no mundo. EUA, OTAN, europeus, em vez de pressionar a Rússia para um acordo de paz, enviam armamentos para a Ucrânia – sabendo que se tratava de uma guerra perdida. A intenção dupla é infringir o máximo de prejuízos à Rússia e usar a tragédia da guerra como arma de propaganda. À custa da morte de ucranianos".
"É esse o roteiro seguido por Zelensky, apresentado como 'o heróico comediante' por analistas sem noção. Seu grande heroísmo é se apresentar em lives para palcos mundiais, enquanto soldados e população civil ucraniana morrem, assim como soldados russos. Mesmo que no final da história haja um acordo de paz que garanta a autonomia da Ucrânia e a independência de dois territórios", acrescenta o jornalista.
"Ao constatar o óbvio, e investir contra essa orquestração mundial da mídia, ainda mais em uma revista norte-americana, Lula mostra que não abdicou de sua condição de uma das vozes fundamentais na busca do bom senso mundial – ao lado do Papa", finaliza Nassif.
Kennedy Alencar concorda que a invasão russa deve ser condenada. “Só exceções históricas podem justificar o uso da força nas relações internacionais. Nesse contexto, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está errado”, afirmou no texto, e seguiu dizendo: “No entanto, há atores políticos que contribuíram para que ocorresse a invasão russa. Zelensky certamente é o principal deles”.
O artigo segue explicando: Lula abordou a expansão da Otan para o Leste Europeu, um movimento dos EUA que contrariou um acordo tácito com a Rússia quando houve a queda da União Soviética em 1991. Em três décadas, a Europa e os Estados Unidos acrescentaram 13 países à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental.
Zelensky sabia que estava brincando com fogo. A União Europeia e os Estados Unidos tinham plena consciência dos interesses nacionais da Rússia e de suas suscetibilidades em relação à adesão da Ucrânia à Otan.
O que fez o presidente ucraniano? Achou que o apoio americano e europeu seria suficiente para que Putin engolisse o seu desejo de ingressar na Otan. Apelou para que os EUA e os membros da Otan entrassem em conflito direto com uma potência nuclear, buscando uma escalada irresponsável com os habitantes do seu país e do planeta.
Esse presidente irresponsável, que pede que civis sem treinamento enfrentem um poderoso exército regular, é festejado internacionalmente com argumentos simplistas, como herói da resistência a "um novo Hitler".
Os mestres da falsa equivalência, aliás, adoram comparar Putin a Hitler e falam bobagem ao nivelar o ataque atual à Ucrânia às invasões da Polônia e da antiga Tchecolosváquia na Segunda Guerra Mundial. Ora, Putin deveria ser comparado a George W. Bush e Barack Obama, aos invasores do Iraque, Líbia e Síria. São os EUA que agem como polícia do mundo. Putin está copiando os colegas americanos.