Escrito por: Letícia Stasiak, da página do MST

Militante do MST se torna doutor em Geografia

Adalberto Floriano Greco Martins, conhecido como ‘Pardal’, defendeu sua tese na UFRGS

MST

A experiência de produção de arroz orgânico do MST ganhou na tarde de ontem (7) mais uma contribuição acadêmica muito importante. O dirigente estadual e engenheiro agrônomo Adalberto Floriano Greco Martins, mais conhecido como ‘Pardal’, apresentou sua tese de doutorado ao Programa de Pós-graduação em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. A banca examinadora lhe conferiu “aprovação com louvor”.

Intitulado “A produção ecológica de arroz nos assentamentos da região Metropolitana de Porto Alegre: apropriação do espaço geográfico como território de resistência ativa e emancipação”, o trabalho teve a orientação da professora Drª. Rosa Maria Vieira Medeiros e avaliação dos professores Dr. Lovois de Andrade Miguel (FCE/UFRGS), Dr. Bernardo Mançano Fernandes (UNESP) e Drª. Carmen Rejane Flores Wizniewsky (UFSM).
 
A pesquisa centrou-se na investigação dos assentamentos da Reforma Agrária da região Metropolitana de Porto Alegre que produzem de forma agroecológica e que participam do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico. Para isso, Pardal participou de encontros, seminários, reuniões, dias de campo e capacitações. Também entrevistou lideranças do MST, diretores e técnicos das cooperativas e associações que participam do Grupo Gestor. O trabalho foi feito nos assentamentos dos municípios de Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, Charqueadas, Guaíba, Tapes, Viamão e São Jerônimo.

Pardal afirma que resolveu trabalhar com o tema da produção agroecológica de arroz pela importância que tem essa experiência. “Tentei sistematizá-la e verificar as práticas de gestão, suas relações internas, os limites e as contradições e situar isso dentro da dinâmica político-organizativa dos assentamentos”, ressalta.

O principal questionamento da pesquisa era entender como que as famílias orientadas por uma estratégia política, baseada na Reforma Agrária Popular, se fortaleceram e geraram uma resistência ativa que se materializou na forma de um conglomerado de cooperação.

“O conglomerado de cooperação tem características próprias, que é a intensa participação, gestão democrática, reunião dos agricultores em grupos que estabelecem níveis diferenciados de cooperação e controle do conjunto da cadeia produtiva, que vai da colheita até a comercialização”, complementa Pardal.

“A resistência ativa é feita não só porque nós, do MST, fazemos a denúncia e a negação ao agronegócio, mas sim porque afirmamos um caminho de organização social, política, econômica e ambiental que o capital e o agronegócio não são capazes de absorver na sua plenitude”, finaliza o militante.

A partir de final de janeiro de 2018, o trabalho estará disponível no site da Biblioteca Central da UFRGS, aqui.