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Militar com salário de R$ 13 mil e que movimentou R$ 3 milhões vai depor na CPMI

Luis Marcos dos Reis é apontado pelo Coaf como responsável por movimentação atípica de recursos financeiros. Ele participou dos ataques terroristas no 8 de janeiro

Publicado: 21 Agosto, 2023 - 13h14

Escrito por: RBA

Reprodução e Bruno Spada/Agência Câmara
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A CPMI do 8 de Janeiro ouve esta semana, na quinta-feira (24), a partir das as 9h, o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, ex-integrante da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro. Ele é apontado como responsável por movimentação atípica de recursos financeiros cujo destinatário era o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.

Reis, que na prática era um dos assessores de Bolsonaro, participou dos ataques terroristas no 8 de janeiro e chegou a subir na cúpula do Congresso Nacional, como informou o blog da jornalista Andréia Sadi no portal g1. “Eu estou no meio da muvuca! Não sei o que está acontecendo! O bicho vai pegar”, disse ele ao primo em mensagem naquele dia.

Relatório de inteligência financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que foi enviado à CPMI no último dia 11, detalha as informações das movimentações financeiras. Embora o documento seja sigiloso, trechos foram divulgados pela imprensa.

No requerimento de convocação de Reis, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, identifica o sargento como “servidor responsável por atender demandas de Mauro Cid”. Segundo ela, o depoimento é “fundamental”. A convocação foi requerida por outros seis parlamentares.

Como todos os requerimentos foram apresentados antes do acesso ao RIF pela comissão, as movimentações financeiras não foram utilizadas como justificativa para a convocação. Mas o tema deve ser abordado pelos parlamentares.

Ligações com a organização do 8 de janeiro

Os requerimentos tratam basicamente das ligações de Reis com a organização dos atos de 8 de janeiro. Segundo o senador Fabiano Contarato (PT-ES), as investigações policiais envolvendo a equipe de auxiliares do ex-presidente Bolsonaro apontam premeditação e envolvimento dos servidores.

De acordo com ele, documentos que comprovariam a tentativa de golpe de Estado foram encontrados em mensagens trocadas entre o coronel Mauro Cid e o sargento Luis Marcos dos Reis, que será ouvido na condição de testemunha. Ele foi preso em maio durante as investigações de um esquema de falsificação do cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.

Membro da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, Luis Marcos dos Reis movimentou R$ 3,34 milhões entre 1º de fevereiro de 2022 e 8 de maio deste ano, segundo relatório do Coaf. Para o órgão, a movimentação tem indícios de lavagem de dinheiro. Ele foi um dos presos em maio pela Polícia Federal na operação que apura fraude em cartões de vacina do ex-presidente e ajudantes.

Movimentação incompatível

A movimentação financeira de mais de R$ 3 milhões é incompatível com a renda mensal de R$ 13,3 mil do sargento. Por isso, a hipótese de lavagem de dinheiro é investigada.

Com informações da Agência Senado