Escrito por: Redação CUT

Militares do governo receberam salários de até R$ 1 milhão no auge da pandemia

Só o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Bolsonaro, recebeu R$ 926 mil entre março e junho de 2020 somados, sem abatimento do teto constitucional

Marcos Corrêa/PR

Com os benefícios pagos pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), os militares com altos cargos na gestão federal receberam supersalários, que em alguns casos chegaram a R$ 1 milhão ou mais em um único mês. O trem da alegria começou a circular no auge da pandemia do novo coronavírus, que agravou a crise econômica e deixou milhares de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, sem renda sequer de bicos por causa das restrições impostas para conter a disseminação da Covid-9.

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Segundo dados do Portal da Transparência, divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo, só o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Bolsonaro, recebeu R$ 926 mil entre março e junho de 2020 somados, sem abatimento do teto constitucional. O teto limita os salários a R$ 39,3 mil por mês no serviço público. Deste total, R$ 120 mil foi pago a título de férias. O salário bruto de Braga Netto como general da reserva do Exército é de R$ 31 mil.

O almirante de esquadra reformado da Marinha Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, recebeu  R$ 1 milhão nos meses de maio e junho do mesmo ano. O salário dele é de R$ 35 mil. 

O general reformado Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, recebeu R$ 731,9 mil entre julho e setembro de 2020. O salário normal dele é de R$ 35 mil.

O tenente-brigadeiro da reserva Juniti Saito, ex-comandante da Aeronáutica, recebeu um montante bruto de R$ 1,4 milhão, em abril de 2020. O salário dele é de R$ 35 mil. Segundo o Estadão, a Marinha contesta o valor divulgado pelo próprio governo e diz que o correto é R$ 717 mil.

O deputado Elias Vaz (PSB-GO), disse à reportagem que pedirá explicações ao Ministério da Defesa sobre os “supersalários” pagos aos militares e pensionistas. O Exército alega que os pagamentos são legais, enquanto a Marinha e Aeronáutica não se pronunciaram sobre os valores pagos. 

Os altos valores pagos aos militares e pensionistas das Forças Armadas começaram no primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro, em 2019. Na época, o governo mudou as regras para a aposentadoria permitindo, entre outros pontos, que o benefício pago saltasse de quatro para oito vezes o valor do soldo. “O gasto com os salários aumentou de R$ 75 bilhões em 2019 para R$ 86 bilhões”, ressalta a reportagem.