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Ministério Público do Rio investiga Carlos Bolsonaro por "esquema Queiroz"

Filho zero dois de Bolsonaro é investigado por contratação de funcionários fantasmas e suspeita da prática da rachadinha – apropriação dos salários dos servidores pelos políticos

Publicado: 11 Setembro, 2019 - 13h00 | Última modificação: 11 Setembro, 2019 - 13h09

Escrito por: Redação CUT

Reprodução Facebook
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O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou dois procedimentos para apurar denúncias de contratações de funcionários fantasmas e a suspeita da prática de rachadinha – apropriação indevida de salários de servidores, no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho zero dois de Jair Bolsonaro (PSL). A suspeita é semelhante a que envolve o senador Flávio Bolsonaro, filho zero um, que também teria contratado funcionários fantasmas e feito uso de um esquema parecido por meio do ex-assessor Fabrício Queiroz, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

De acordo com reportagem da revista Época, os dois procedimentos tramitam sob segredo de Justiça e os repórteres só tiveram a confirmação da tramitação a partir de um pedido com base na Lei de Acesso à Informação.

 

Segundo a Época, as investigações foram abertas após a divulgação, em julho, de que Carlos teria contratado sete parentes da ex-mulher de Jair Bolsonaro e sua madrasta, Ana Cristina Valle. Na ocasião, dois deles teriam reconhecido que apesar de terem sido nomeados para atuarem no gabinete do vereador jamais trabalharam no local.

O MP-RJ também apura as suspeitas de que ao menos outras três pessoas contatadas pelo parlamentar nunca trabalharam na Câmara de Vereadores do Rio.

Nesta segunda-feira (9), Carlos Bolsonaro pediu licença não remunerada da Câmara alegando a necessidade de tratar de “assuntos particulares” e veio para São Paulo acompanhar o pai que está internado depois de mais uma cirurgia para corrigir um problema provocado pela facada que levou durante o processo eleitoral de 2018.

Investigação criminal

O responsável pela investigação criminal é o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, que tem o apoio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim). A apuração sobre improbidade administrativa, que corre na esfera cível, tramita na 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.

O esquema investigado no gabinete de Carlos Bolsonaro possui semelhanças com o que envolve o irmão Flávio e seu ex-assessor Queiroz. As movimentações atípicas acabaram por constar de um relatório do Coaf que identificou movimentações financeiras atípicas de deputados estaduais, assessores parlamentares e agentes públicos do Rio de Janeiro, que resultou na deflagração da Operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato.

Apesar da movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão e de um depósito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro, tanto Flávio como Queiroz não figuraram dentre os alvos da operação que levou à prisão 10 deputados estaduais fluminenses e outros 16 agentes públicos implicados no esquema.

O caso Carlos

Ainda de acordo com a revista, um dos principais alvos da investigação é a situação de Marta Valle — professora de educação infantil e cunhada de Ana Cristina Valle. Ela mora em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e mesmo assim ficou lotada no gabinete de Carlos durante sete anos e quatro meses - entre novembro de 2001 e março de 2009.

Procurada pela revista, Marta disse que nunca trabalhou para Carlos. “Não fui eu, não. A família de meu marido, que é Valle, que trabalhou”. O salário bruto de Marta Valle chegou a R$ 9,6 mil, e, com os auxílios, chegava a R$ 17 mil. Segundo a Câmara de Vereadores, ela não teve crachá como assessora da Casa.