MENU

Ministro da Saúde pede para sair depois de 29 dias no cargo

Um dos cotados para assumir o comando é o número 2 da pasta, o general de divisão Eduardo Pazuello

Publicado: 15 Maio, 2020 - 15h13 | Última modificação: 15 Maio, 2020 - 15h45

Escrito por: Redação CUT

Marcello Casal/Agência Brasil
notice

Com apenas 29 dias à frente da pasta, mas tutelado por Jair Bolsonaro e militares indicados para o segundo escalão, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu para ser exonerado na manhã desta sexta-feira (15). Um dos cotados para assumir o comando é o número 2 da pasta, o general de divisão Eduardo Pazuello.

Em plena pandemia do novo coronavírus, é o segundo ministro da Saúde a pedir demissão por discordar as ordens de Bolsonaro tanto para acabar com o isolamento social como para indicar hidroxicloroquina, medicamento que a ciência ainda não comprovou ser indicado para a Covid-19, a todos os pacientes. O primeiro a sair foi Luiz Henrique Mandetta.

Ao contrário de Mandetta, que provocou até ciúmes no presidente por estar aparecendo demais na mídia de forma positiva, Teich teve atuação apagada no combate à doença e foi considerado perdido por secretários de Saúde de todo o país.

Bolsonaro defende o isolamento apenas dos idosos e pessoas com comorbidades e cobrava do ministro que indicasse o fim da quarentena, coisa que ele não fez, assim como Mandetta. Ambos defendem o isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como única maneira de conter a disseminação da doença.

Esta semana, em entrevista coletiva, Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, mas Teich ao invés de concordar com o chefe, disse que o medicamento não tem eficiência comprovada e não é recomendado pelos órgãos de saúde.

Nesta quinta-feira (14), em reunião virtual com empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Bolsonaro garantiu que o ministério iria mudar o protocolo do medicamento e indicar cloroquina em todos os casos, e não apenas nos mais graves.

Nas redes sociais, o ministro havia alertado que o remédio tem efeitos colaterais e que qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. Estudos internacionais recentes indicam que não há comprovação de eficiência no uso da cloroquina em casos de coronavírus.

Um desses estudos, publicado no Jama (Journal of the American Medical Association), revelou que em 1,4 mil pacientes "os tratamentos com hidroxicloroquina, azitromicina ou ambos não foram significantes quanto à mortalidade". A conclusão corrobora outro estudo, publicado no New England Journal of Medicine na semana passada. Além disso, a OMS reforça em quase todas as entrevistas que "não há tratamento específico para a doença causada pelo novo coronavírus".

Atividades essensiais

Um novo decreto de atividades essenciais e, portanto, liberadas para circular livremente, expôr o ministro a uma situação extremamente constrangedora. Teich concedia uma coletica quando Bolsonaro anunciou decreto que considerava como atividades essenciais salões de beleza, barbearia e academias de ginástica. Teich foi informado por um jornalista. Disse que a medida não tinha aval ou sequer conhecimento do Ministério da Saúde.

“Saiu hoje?”, reagiu ao ser questionado por um repórter, que queria saber se o Ministério da Saúde concordava com isso e se houve alguma orientação da pasta para a tomada dessa decisão. “Qualquer coisa que é decidida pode ser revista. Existe um diálogo que permite que a gente se posicione se for necessário”, acrescentou.